
Nas últimas semanas, quem mora no Recife certamente já tirou o casaco do armário algum dia na semana devido a sensação térmica mais baixa. Nas redes sociais, as temperaturas mais amenas vem sendo assunto entre os internautas. Em números absolutos, a menor temperatura registrada pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) na capital do Estado no mês de junho foi 24,2°C, e em julho 22,1°C. No entanto, apesar de, na maior parte do tempo o calor ser predominante no litoral de Pernambuco, o frio e a velocidade dos ventos são considerados normais nesta época do ano.
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Segundo explicou o meteorologista Roberto Pereira, da Apac, o mês de julho é um mês de transição entre os meses de ventos mais calmos, que têm uma média de velocidade de 8 km/h, para os meses de ventos mais fortes, com uma média entre 10 km/h e 11 km/h.
"A ocorrência desses ventos mais fortes é causada exatamente pela diferença maior nessa época entre o oceano e o continente. Então, você tem o que a gente chama de gradiência, ou seja, o vento vem do oceano e à medida que ele encontra o ar mais quente ele ganha velocidade. É por isso que se tem esse aumento. Agora, quanto às rajadas de vento, que são os ventos 20% maiores que o valor, isso pode acontecer em qualquer época do ano", explicou.
De acordo com Roberto, no mês de julho, a rajada de vento mais forte registrada foi no município de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, onde os ventos chegaram a 37 km/h. Já no Recife, a maior velocidade de ventos registrada neste mês foi de 10 km/h.
O meteorologista comentou ainda que, a cada 10 m/s (36 km/h), a sensação térmica tem uma diferença de 2°C em relação a temperatura registrada nos termômetros. "A cada 10 m/s, ou seja, quando se tem uma rajada ou alguma coisa desse tipo, você diminui a temperatura em 2° em relação ao que o termômetro está marcando. Isso faz com que você tenha uma sensação térmica menor do que na realidade está marcando. Ou seja, se o termômetro está marcado 23°C, a sensação será de 21°C. E se a pessoa estiver em um local onde há uma maior canalização do vento, ela vai sentir mais do que uma pessoa que não está", disse.
Um outro fator que influencia também na percepção dos ventos é o local onde a pessoa está. "Nós temos que prestar a atenção, principalmente como nós estamos numa época que venta mais, devido a prédios, a tipos de construção, até a própria pavimentação, você tem aquilo que a gente chama de duto, uma canalização dos ventos. Ou seja, em alguns trechos, você pode ter uma canalização dos ventos, e isso faz com que os ventos se tornem mais fortes em alguns lugares", comentou.
Ventos fortes em alto-mar e ressaca marítima
Desde o dia 18 de julho, a Marinha do Brasil vem emitindo alertas de ventos fortes em alto-mar e ressaca marítima no litoral do Nordeste, incluindo Pernambuco. O último alerta foi emitido na última sexta-feira (24) e foi renovado até a noite desta segunda-feira (27). Segundo o alerta, os ventos em alto-mar podem chegar até 60 km/h entre a Bahia, ao norte de Salvador, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, ao sul de Natal. Além disso, as ondas podem chegar até 3,5 metros em alto-mar e 2,5 na faixa litorânea.
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O previsor de serviço do Centro de Hidrografia da Marinha explicou que essas ondas também são normais e esperadas para os meses de inverno. Segundo ele, o primeiro critério para que um alerta seja emitido são os ventos atingirem em torno de 50 km/h no mar. "Algo fora do comum seria esses ventos atingirem, por exemplo, 80 km/h. Mas não é esse o caso", disse.
"Nessa época de inverno nós temos uma intensificação dos ventos alísios de que o sistema de alta pressão que fica no oceano fica mais forte, então os ventos ficam um pouco mais intensos na área marítima da região Nordeste. Quando esses ventos ficam com uma intensidade um pouco maior eles agitam o mar e as ondas podem chegar na costa. O critério para a gente passar um aviso de ressaca é quando as ondas atingem ou há a previsão de, pelo menos, elas chegarem a 2,5 próximo as praias que ficam mais desabrigadas", explicou.
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