Editorial JC: A esperança é verde
Apesar dos resultados pouco efetivos para as mudanças climáticas, crescem as oportunidades de trabalho e negócios para causas ambientais

Se a civilização global ainda está submetida a grandes disparidades nacionais e regionais, pode-se dizer que esse desequilíbrio configura um dos fatores para a situação de crise ambiental e climática por que passam o planeta e nós, os seres vivos que o habitamos.
Sem uniformidade e coesão nas ações, o modelo de desenvolvimento vem a reboque de exemplos que não fazem mais sentido para uma conjuntura de escassez relativa – pois há muito sendo feito para que muitíssima gente sobreviva e veja, com folga, a chegada de filhos e netos. Apesar disso, em variados nichos de tal modelo, permanecemos no século 20, ou até antes, repetindo hábitos e rotinas que as novas gerações não adotam mais.
Mesmo que as perspectivas para os próximos anos, em curto prazo para a régua de um habitat com 4 bilhões de anos de formação, não sejam as melhores em termos de temperatura média global, o ser humano ao menos dá indícios de que pode focar em práticas sustentáveis e concepções da realidade menos autodestrutivas.
A febre da Terra continua e não dá sinais de arrefecimento, o que pode levar a consequências desastrosas, talvez, na ótica da ocupação humana da superfície terrestre: avanço do oceano sobre cidades litorâneas e em ilhas, mudanças drásticas no clima com fenômenos intensificados, impactos na biodiversidade e possíveis novas pandemias, devido à reconfiguração do ambiente natural.
Com o passar dos anos, vem se ampliando o leque de oportunidades para formação e profissionalização em áreas do conhecimento ligadas à sustentabilidade ambiental.
Uma das que mais crescem é a de energia. No Brasil, como em outros países, a extensão de investimentos em fontes eólicas e solares apenas aumenta, e tem muito para crescer, demandando técnicos e o aprimoramento constante da tecnologia, o que depende do conhecimento intensivo aplicado.
A economia global sente não só a pressão do risco climático, como também se abre às novas possibilidades de usos e negócios. As economias nacionais e locais igualmente se aproveitam de promissores cenários.
Segundo estudo do Dieese, são quase 4 milhões de brasileiros trabalhando atualmente com algum elemento da chamada economia verde. Os focos principais são a redução da emissão dos gases de efeitos estufa, causadores do aumento da temperatura, e a melhoria da preservação dos recursos naturais. Em cinco anos, até 2030, podem ser gerados 18 milhões de postos de trabalho no planeta com essas e outras finalidades, dos quais 7 milhões no Brasil, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).
Em novembro, as oportunidades ficarão mais expostas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática – a COP30 – que será realizada em Belém do Pará. Da atenção à reciclagem à formação especializada em tecnologias renováveis, os brasileiros podem assumir papeis de destaque e de indispensáveis exemplos na construção de um novo mundo, que já desponta.
Confira a charge do JC desta quinta-feira (5)