Editorial JC: Corrupção, mais uma vez
Escândalo do INSS provoca baixa no governo e deixa o presidente Lula, de novo, tendo que explicar a desenvoltura dos corruptos ao seu redor

Depois do mensalão no primeiro mandato de Lula, e do petrolão na gestão de Dilma Rousseff, os brasileiros voltam a ver num governo petista o assanhamento dos corruptos, agora num escândalo bilionário de fraudes.
Para piorar, o roubo atinge cidadãos que precisam da aposentadoria para viver com mínima dignidade. E ainda o agravante da intensificação do esquema, que vem desde o período de Jair Bolsonaro no Planalto, transmitido à gestão de um partido marcado pelo desvendamento de ladroagem na máquina pública.
O PT não inventou a corrupção no Brasil, nem o Brasil criou a corrupção na história do mundo. Mas a frequência e o volume de casos investigados nas administrações petistas desonram e maculam o serviço público brasileiro.
Ex-presidente do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), demitido por Lula após a denúncia da Polícia Federal e da CGU, Alessandro Stefanutto tem raiz no PSB e migrou para o PDT. Vale frisar, portanto: não é sobre uma exclusividade petista, mas a geração de um ambiente de condescendência com a instalação de bandidos no controle do orçamento coletivo, nos governos do PT.
Não por acaso, confrontados com as evidências, eleitores do partido se apressam em mudar de assunto, afirmando que o principal problema do país não é a corrupção. E esquecendo, voluntariamente, que a profusão de corruptos aprofunda a desigualdade que aflige imensa parcela da população, como os aposentados que desta vez são vitimados pela burocracia corrompida.
Desde 2019, os desvios materializados em descontos indevidos nos valores de aposentados e pensionistas do INSS pode chegar a mais de R$ 6 bilhões. O presidente destituído do cargo já havia sido diretor de orçamento do órgão, foi procurador-geral federal, além de ter atuado no Tribunal de Justiça de São Paulo e na Receita Federal. Um servidor de longa carreira, acusado de aproveitar o conhecimento acumulado e a experiência notória em uma manobra torpe de exploração dos aposentados e pensionistas.
Caso as denúncias se confirmem, será um péssimo exemplo de como a corrupção pode estar entranhada não apenas na política, mas também na máquina estatal brasileira. Caso não se confirmem, os responsáveis deverão ser apontados, sem mudar o foco da questão: como o país pode impedir a ação dos ladrões que abusam do poder público?
A promessa de Lula no começo do novo mandato era acabar com as filas do INSS – cujo prolongamento em várias partes do território nacional é sinônimo de ineficiência para o governo e humilhação para a população. As filas continuam, e até aumentaram, sem que o governo tenha conseguido melhorar a eficiência e reduzir o sofrimento dos humilhados e suas famílias.
Entregue ao jogo político de sempre, sob as bênçãos da distribuição de cargos e orçamentos no quinto governo petista no Planalto em mais de duas décadas, o que se tem no INSS é mais do mesmo - sem diferença para o que se via na gestão Bolsonaro, segundo revelam as investigações, no assalto aos contribuintes da seguridade social.
Confira a charge do JC desta quinta-feira (24)