Marcos Vinicios Vilaça
Um dos intelectuais mais reconhecidos no Brasil, imortal da ABL e da APL deixa um legado sólido de amor pela cultura e pela pernambucanidade
Nascido em Nazaré da Mata, tendo ido estudar no Recife nos anos 1950, o pernambucano Marcos Vinicios Vilaça se formou em Direito e foi professor na UFPE. Ocupava há 40 anos a cadeira 26 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Também era imortal da Academia Pernambucana de Letras (APL). O advogado e poeta inspirava cultura por onde andava. Referência entre os pares, foi presidente da ABL por duas vezes, elevando assim, também, a cultura pernambucana a uma das casas mais prestigiadas da literatura e da arte no país. “Um pensador e empreendedor da cultura brasileira”, na expressão da nota oficial da ABL sobre a perda.
Autor de “Em torno da sociologia de caminhão”, livro de 1961 vencedor do Prêmio Joaquim Nabuco da APL, Vilaça escreveu quase 80 obras, como “Nordeste: Secos & Molhados”, de 1972, e “O tempo e o sonho” de 1984. Desempenhou funções públicas desde 1966, quando assumiu a Casa Civil do governo do Estado de Pernambuco. Foi um dos fundadores do Partido da Frente Liberal (PFL). Depois de ser presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA) na década de 1980, ingressou no Tribunal de Contas da União (TCU) em 1988. Sua atuação no Tribunal de Contas, onde também foi presidente, foi marcada pelo relacionamento internacional, aproximando a realidade brasileira do cenário global de auditoria e controle.
A repercussão de seu falecimento dá a dimensão da falta que já está fazendo. Para a governadora Raquel Lyra, seu legado seguirá permanente em Pernambuco e no Brasil. O prefeito do Recife, João Campos, fez menção à sua trajetória firmada na cultura. O deputado federal Mendonça Filho, genro de Marcos Vilaça, ressaltou que o legado é mais amplo: “um legado de sabedoria, integridade e amor à família”. O presidente da APL, Lourival Dantas, apontou que Vilaça “unia muito bem suas duas paixões: o mundo jurídico e o mundo da literatura”, tendo conquistado autoridade nos dois. O presidente do Tribunal de Contas do Estado, Valdecir Pascoal, declarou que nos privamos de “um intelectual plural que uniu o saber jurídico ao amor pela cultura e pela literatura, deixando um legado inestimável às instituições, à pernambucanidade e ao Brasil”.
Presidente do Grupo JCPM, do qual faz parte o JC-PE, João Carlos Paes Mendonça sintetizou a admiração que se expressa no luto: “Umas das pessoas mais cultas que conheci, Marcos Vilaça era exemplo de honradez, seriedade, visão de sociedade, buscando sempre atuar em espaços onde se pudesse compartilhar o conhecimento”. A sensibilidade do intelectual atento às lições da história e da contemporaneidade encontrou, em Marcos Vinicios Vilaça, a disposição de fazer sempre mais pelo coletivo, nas funções públicas exercidas e na representatividade alcançada na vida cultural, sobretudo nas letras, no Brasil. O compartilhamento do que sabia e do que pensava fez dele um dos principais nomes da inteligência pernambucana, sempre com a visão adiante, influenciando quem estivesse por perto. A partir de agora, sua obra e sua memória se inscrevem na história de nossa estado e do país, como inspiração valiosa para as novas gerações.