Editorial JC: Esperança na juventude

Se fosse possível reiniciar o mundo e a ocupação humana no planeta, teríamos que começar dando atenção completa às crianças e jovens que partem de uma atualidade repleta de problemas, na direção de soluções a serem pensadas e ativadas no futuro.

É na juventude que ainda se deposita a esperança da humanidade, porque são elas e eles que poderão olhar para trás, adiante, e enxergar o que estamos fazendo de equivocado, no meio de tantas crises cruzadas: ambiental, climática, social e política, para ficar em algumas das principais que atormentam a civilização do primeiro quarto do século 21.

Se acreditarmos que é possível, vamos difundir e multiplicar iniciativas como o encontro entre o Centro Josué de Castro e o Instituto João Carlos Paes Mendonça de Compromisso Social. Na abertura do projeto Jovens Cidadãos do Mundo, um grupo de 30 jovens atendidos pelo IJCPM esteve na entidade que leva o nome do cientista, para uma jornada pedagógica destinada a estudantes da rede pública. Em foco, a conscientização coletiva e a atuação comunitária na base da formulação e do respeito às demandas sociais por direitos elementares da cidadania, como saúde, educação, saneamento, moradia e transporte.

Trazer a atenção da juventude – tão dispersa hoje em assuntos virtuais que escondem a realidade problemática do entorno – a temas como o meio ambiente e a fome, por exemplo, “desperta nos participantes um olhar crítico sobre a própria comunidade onde vivem", resume o sociólogo e diretor presidente do Centro Josué de Castro, José Arlindo Soares. É nesse olhar crítico que vislumbramos um caminho para melhorar as condições de vida de todos, dos habitantes de uma localidade ao conjunto de espécies animais e vegetais que compartilham a Terra.

A passividade diante da piora da qualidade de vida, a partir do somatório de crises ao longo dos séculos, é um dos fatores que nos trouxe até aqui.

Se o cotidiano não é o mesmo de antigamente, e em muitas facetas os avanços são evidentes, da tecnologia que nos poupa tempo às conquistas na igualdade de gêneros, a deterioração da natureza e a permanência de grandes porções de pobreza e miséria, sem falar nas obtusas guerras patrocinadas pelos países mais ricos, são suficientes para perceber que em algum ponto da trilha tomamos o rumo coletivo errado.

Referência no combate à fome, Josué de Castro possui um legado teórico inspirador para os jovens. Suas observações e ensinamentos são preciosos para a discussão do mundo que temos, e o que desejamos para as próximas gerações. Na tangência entre o real e o sonho, caberá à juventude a missão da mudança, a partir do que formos capazes de oferecer agora, como potencial de transformação. Tanto o Centro Josué de Castro quanto o IJCPM tratam de desempenhar seus papeis, despertando a cidadania para a possibilidade de um mundo melhor.