Muita água desperdiçada
Em entrevista à Rádio Jornal, dirigente da Compesa lembra histórico de problemas e reconhece o nível de perda de 50% na distribuição no estado

O problema é antigo e pode ser observado em várias partes do Brasil. Os sistemas de abastecimento de água custam o dobro para o cidadão, porque metade dos recursos hídricos distribuídos se perdem pelo caminho. Seja por vazamentos causados por material antigo sem manutenção, seja por ligações clandestinas que desviam água das tubulações, a questão está posta há muito tempo, sem que alternativas de solução tenham sido propostas e implementadas com êxito. Em Pernambuco, como em outros estados do Nordeste, o desperdício de água é cruel, jogando fora ou tirando de seu destino o precioso recurso natural cuja falta ou disponibilidade irregular afeta sobremaneira a qualidade de vida dos habitantes da região – e ainda afeta a competitividade para a atração de empreendimentos e de turistas.
Presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Alex Campos concedeu entrevista à Rádio Jornal, onde reconheceu o alto índice de desperdício da água disponível em Pernambuco, e prometeu investimentos da ordem de R$ 3 bilhões para modernizar o sistema, que se encontra sucateado, de modo a impedir que o prejuízo continue. É importante destacar a atitude do gestor, ao não escamotear a situação real do abastecimento deficiente, condicionando sua melhoria à aplicação de recursos financeiros que já poderiam ter sido realizados há vários anos. O abastecimento de água reduzido pelo desperdício é uma das heranças de gestões anteriores, que não se preocuparam em respaldar e cobrar da Compesa as ações necessárias para dar um basta na água perdida.
A troca de tubulações e a ampliação da rede integram o planejamento da empresa para os próximos três anos, segundo o dirigente, que falou ao programa Passando a Limpo. O cenário de abastecimento no estado pode ser bem mais eficiente para a população, evitando esquemas de racionamento que também são influenciados pelos gargalos na rede de distribuição. Em cidades como Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe e Olinda, o racionamento faz parte do cotidiano, deixando a população em constante estresse, e proporcionando dificuldades que se espalham para muito além da vida privada, com repercussões econômicas e até, de saúde pública, como ressalta a Organização Mundial de Saúde (OMS). Um exemplo é o município de Chã Grande, no Agreste, onde os habitantes contam com três dias de água, para 12 dias sem um pingo nas torneiras. A Compesa está ampliando a Estação de Tratamento, e promete para setembro o fim do racionamento.
A prestação de um serviço dessa natureza requer a participação da cidadania, envolvendo a população no esforço conjunto de recuperação da estrutura que garanta resultados mais rápidos para a coletividade. Neste sentido, vale reforçar o canal de contato direto com a empresa, através do aplicativo Compesa Mobile, disponível para solicitações de troca de tubulações e hidrômetros, visando a incorporação na agenda de modernização prevista, para que os pernambucanos não percam tanta água, todos os dias.