ONDA DE CALOR

Cresce o risco de apagões

Consumo de energia no país bate recorde histórico por causa da elevação da temperatura, causando problemas de fornecimento

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JC

Publicado em 15/11/2023 às 0:00
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Milhões de brasileiros experimentam a sensação incômoda de uma onda de calor com picos recordes de temperatura, com riscos à saúde e prejuízos à economia. O calorão baixa a produtividade, atrapalha o desempenho e produz mais cansaço, mais rápido. A perspectiva de novas ondas quentes, mescladas com a possibilidade de chuvas intensas em algumas regiões, faz com que o verão que ainda nem começou prometa ser uma estação de problemas e estresse para a população.
Na maior cidade do país, a perturbação já começou. Depois de um vendaval que deixou centenas de milhares de habitantes de São Paulo sem energia elétrica, por alguns dias seguidos, a onda de calor provocou um pico de consumo que afetou a capacidade da rede, fazendo com que partes da megalópole ficassem, novamente, sem luz. O mesmo foi registrado no Rio de Janeiro. No Sudeste e no Centro Oeste, onde o calor está mais intenso por esses dias, as ocorrências de apagões e faltas de luz podem se repetir. No entanto, como blecautes anteriores já mostraram, todo o território brasileiro compartilha esse risco, uma vez que a interligação do sistema de distribuição de energia, como configurado, não traz segurança para nenhum estado ou município.
Pela primeira vez na história, o Sistema Interligado Nacional (SIN) ultrapassou a demanda instantânea de 100 mil megawatts (MW), no início da tarde da última segunda-feira. O recorde anterior já havia sido alcançado em setembro deste ano, acima de 97 mil MW. Como INMET prolongou o alerta vermelho sobre a alta de calor até a sexta-feira, é provável que o alto consumo se mantenha, devido à procura por locais refrigerados e a permanência de muitos cidadãos em casa ou no trabalho, preferindo não sair para o mormaço da rua. Além disso, estruturas públicas que dependem de suprimento energético também são demandadas pela população, sobretudo a parcela mais pobre, mais exposta ao calor e a qualquer condição climática extrema.
De acordo com os cientistas, as temperaturas se mantêm pelo menos 5 graus Celsius acima da média, por um período maior que cinco dias, em várias partes do Brasil. Com isso, a sobrecarga no sistema energético é inevitável. No horizonte dos próximos meses, e até de 2024, quando a previsão é de calor ainda pior, o governo federal e os operadores do sistema devem verificar a margem de segurança para o atendimento da demanda que vem por aí. E buscar medidas de adaptação rápida ao aumento da temperatura, que pode se estender no rastro das mudanças climáticas em curso no planeta.
A projeção oficial do operador do sistema é que novembro termine com 11% a mais de consumo do que o mesmo mês em 2022. Para evitar apagões, a segurança energética precisa estar em sintonia com a elevação das temperaturas e do correspondente consumo, prevenindo os efeitos maciços do calor intenso sobre as pessoas.

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