O repique da violência em Pernambuco também se deve à falta de mobilização com o arsenal da informação. Com o objetivo de cobrir esse flanco, o governo do Estado anunciou a criação de uma força-tarefa com a missão de mapear a atuação das facções de criminosos em solo pernambucano. O mercado do crime é disputado no País: há dezenas de facções que concorrem para controlar o ambiente de alta atratividade dos presídios - por incrível que possa parecer - e dos negócios do tráfico de drogas, como a maconha, a cocaína e o crack. Facções de origem gaúcha, paulista, fluminense, cearense, potiguar, catarinense, paraense ou pernambucana - o propósito de sua formação é o mesmo: amealhar poder e conquistar uma maior fatia do mercado das drogas ilícitas e suas contravenções relacionadas.
A presença de grupos nacionais em todas regiões, por outro lado, acirra a violência da disputa nos estados, ampliando a insegurança para os cidadãos e desafiando as autoridades policiais e os gestores públicos de forma geral. O envio de integrantes das facções para o sistema penitenciário federal vem causando ao mesmo tempo baixas nos grupos e consequências na guerra pelo poder, elevando a participação das facções locais, fortalecendo a rivalidade e gerando rescaldo na violência que sobra para a população. Este ano, até setembro, mais de 2.800 pessoas foram vítimas de homicídios em Pernambuco, incremento de quase 11% em relação ao mesmo período do ano passado. Do total de mortes violentas, 61% tiveram causas ligadas às atividades criminosas.
O avanço das facções nos municípios é um dos fatores cogitados pela Secretaria de Defesa Social (SDS) para o aumento dos homicídios no Estado. Em 52 das 184 cidades pernambucanas, o número de assassinatos em 2020 já é maior do que os anotados no ano passado. Para o secretário Antônio de Pádua, a estrutura complexa do crime organizado, presente em todas as unidades da federação, exige "o estabelecimento de estratégias integradas de prevenção e repressão". A força-tarefa leva em conta o fato, difícil de compreensão para o cidadão comum, que líderes do crime que se encontram presos continuam a dar ordens, mesmo encarcerados. O grupo criado pelo governo de Pernambuco tem a participação da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Agência Brasileira de Inteligência.
A gestão das informações demonstra ser crucial para o enfrentamento das gangues, sejam elas nacionais ou locais. Durante a pandemia, a violência das facções cresceu, sem que a segurança pública tenha conseguido impedir os homicídios e o aumento da sensação real de insegurança. Outra estratégia indispensável está nos planos da SDS: melhorar a conscientização da população através de campanhas de incentivo à cultura de paz. A opção preventiva é a melhor para garantir uma resposta social à altura da ameaça representada pelo poder paralelo das facções no País, não apenas dentro, mas principalmente fora do sistema prisional.
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