Autonomia, ação e combatividade na defesa da educação superior
A ABMES está pronta para dialogar com todos os poderes da Repúblic de forma técnica e institucional, mas com posicionamentos firmes e coerentes.

Nos últimos tempos, o setor privado de educação superior tem sido duramente criticado. De alegações infundadas sobre falta de comprometimento com a qualidade da oferta ao questionamento do crescimento da educação a distância, passando pela tentativa de desqualificação do papel das instituições privadas na formação acadêmica e no desenvolvimento nacional, enfrentamos uma série de ataques que muitas vezes se baseiam em preconceitos ideológicos, desconhecimento da realidade do setor e análises parciais.
É preciso deixar claro: não há espaço para generalizações simplistas quando se fala de um sistema responsável por mais de 80% das matrículas no ensino superior brasileiro, que emprega milhares de profissionais qualificados e que investe continuamente em inovação, acessibilidade e inclusão social. É hora de reagir com dados, com firmeza e com a verdade: a educação superior privada é parte indissociável da construção de um Brasil mais justo, competitivo e preparado para os desafios do século XXI.
Assim como indivíduos e organizações de qualquer área, o setor privado de educação superior também enfrenta desafios, reconhece suas limitações e busca constantemente se aperfeiçoar. Além disso, é graças ao comprometimento e à capilaridade dessas instituições que milhões de brasileiros acessam o ensino superior e, por meio dele, conquistam oportunidades reais de transformação pessoal, mobilidade social e inclusão econômica.
Por tudo isso, reafirmo com convicção: nos próximos anos, a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) atuará de forma ainda mais proativa, firme e combativa diante dos desafios impostos ao setor e à educação superior como um todo. Minha recondução à presidência da entidade não é um gesto simbólico. Ela representa uma nova postura mais mobilizadora, mais estratégica e, sobretudo, mais assertiva.
A ABMES está pronta para dialogar com todos os poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) de forma técnica e institucional, mas com posicionamentos firmes e coerentes. Não aceitaremos mais ataques infundados nem políticas públicas que ignorem a relevância social e econômica do setor. Onde houver distorções, haverá contraponto. Onde houver injustiça, haverá reação.
A educação superior privada é uma das áreas mais reguladas do país, e o simples fato de nossas instituições permanecerem ativas já demonstra um nível notável de resiliência, competência e compromisso com a qualidade. As exigências do marco regulatório vigente são tantas, e, muitas vezes, tão desafiadoras, que apenas aqueles verdadeiramente comprometidos com a transformação social por meio da educação conseguem se manter.
No que se refere à pauta prioritária, vamos trabalhar pela modernização do marco regulatório, incluindo o da educação a distância, em que pesem as novas diretrizes recém-lançadas. A EAD não pode ser tratada com desconfiança generalizada por conta de exceções. Essa modalidade é, cada vez mais, a chave para inclusão educacional e desenvolvimento regional. Defenderemos uma EAD ética, conectada, com qualidade pedagógica e visão de futuro.
Também é inaceitável que programas essenciais como o Fies e o ProUni continuem sendo tratados como despesas. São investimentos com resultados concretos na redução das desigualdades e na mobilidade social. Por isso, reivindicaremos critérios de acesso mais justos e inclusivos, inclusive para os estudantes da educação a distância, invisibilizados nessas e em outras políticas públicas. Da mesma forma, é inadmissível que a Capes siga excluindo o setor privado dos seus editais e iniciativas. Contribuímos com a ciência, com a pós-graduação e com a formação de excelência, e exigimos isonomia de tratamento.
Por fim, cobraremos com vigor uma solução para a morosidade absurda dos trâmites no Ministério da Educação. Processos levam anos para serem concluídos, travando o planejamento institucional, desmobilizando recursos e desestimulando a inovação. O sistema precisa ser eficiente, transparente e digital de verdade. Queremos um agente regulador à altura dos desafios do século XXI, e cobraremos isso sem trégua.
Em síntese, nossa agenda é ampla e urgente. Seguiremos firmes por uma política educacional que seja, de fato, inclusiva, integradora e desprovida de preconceitos ideológicos. A educação privada é aliada do Brasil, e vamos reafirmar isso com voz ativa, argumentos sólidos e presença institucional inquestionável.
Janguiê Diniz, diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), secretário-executivo do Brasil Educação - Fórum Brasileiro da Educação Particular, fundador e controlador do grupo Ser Educacional, e presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo.