Exercício físico no cardiopata - fonte de vida
Encare o exercício físico como um remédio eficaz, prazeroso e de baixo custo, e não como uma obrigação chata que precisa ser cumprida.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dia 6 de abril se comemora o Dia Mundial da Atividade Física. Vale lembrar que o exercício físico (EF) é a atividade física programada e é preconizado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), para reduzir o risco das principais causas de morte do mundo moderno, o Infarto do Miocárdio (IAM) e o AVC (Derrame). Além de ajudar a controlar a obesidade, a hipertensão arterial, a diabetes e a dislipidemia, o EF promove, também, a saúde mental e melhora a qualidade de vida. Portanto, nunca é tarde para se desenvolver esse hábito salutar. Todavia, algumas dúvidas são frequentes na população leiga:
Quem já teve um problema cardíaco pode praticar EF? Sim, por constituir uma das formas mais eficazes de prevenção e de tratamento das doenças cardiovasculares. Contudo, é importante que o paciente seja submetido à uma avaliação pré-participação, feita, preferencialmente por um cardiologista. Nela serão verificadas: a condição clínica do paciente; a presença de fatores de risco cardiovascular; a ocorrência de comorbidades; a necessidade de realização de exames complementares e de supervisão durante o treinamento e, finalmente, realizada a prescrição do EF, para que o mesmo seja seguro e eficaz.
Existe um tempo de espera antes de retomar ao EF, após um evento cardíaco? Sim, este decorre da condição clínica do paciente e do tipo e gravidade do acontecimento. A recuperação é progressiva, sendo recomendado o acompanhamento tanto pelo cardiologista, como pelo fisioterapeuta. Vale ressaltar, todavia, que a reabilitação cardiopulmonar deve ser iniciada ainda na fase intra-hospitalar, geralmente 72 horas após o evento, na decorrência de estabilidade do quadro clínico. Após alta hospitalar, o paciente deverá ser encaminhado, idealmente, para um serviço de reabilitação cardiopulmonar, principalmente nos três primeiros meses.
Quais tipos de EF são mais indicados para quem já teve um problema no coração? É importante que todo paciente realize tanto EF aeróbicos (caminhada, ciclismo, esteira, natação etc), como de fortalecimento muscular (uso de faixas elásticas, pesos e até o próprio peso corporal), seguindo orientações médicas e de forma e gradual. Devendo ser respeitada, a sua condição clínica, o tempo após o evento, o seu nível de aptidão cardiorrespiratória, a presença de limitação osteoarticular, dentre outros fatores Os exercícios de alongamento e posturais, como Pilates e Yoga, também são importantes para o coração.
Qual a frequência e a intensidade dos EF? É preconizada a realização de de 30 min/dia (5 x semana) de exercícios aeróbicos moderados, ou de 75 min/dia (3 x semana) de exercícios intensos, e o de fortalecimento muscular , duas vezes na semana. A progressão da intensidade do EF, deve ser gradual.
É necessário fazer algum exame antes de iniciar os exercícios? A indicação dos exames complementares, dependerá da idade do paciente, da presença de fatores de risco ou de doença cardiovascular, do tipo e da intensidade da prática do EF (amador ou profissional; lazer ou competição) e da presença de sintomas. O eletrocardiograma é um exame de baixo custo e importante na avaliação cardiológica, que permite a identificação de algumas doenças cardiovasculares, que aumentam o risco de morte súbita. O teste cardiopulmonar de exercício ou o teste ergométrico, são fundamentais para a prescrição individualizada e para a segurança do paciente. Outros exames como o ecocardiograma transtorácico, o Holter de 24 horas, a ressonância magnética cardíaca, a angiotomografia de coronárias, dentre outros, poderão ser solicitados, caso necessário.
Quais os sinais de alerta durante o EF, que indicam a necessidade de parar interrupção? Caso apareçam sintomas como: falta de ar desproporcional ao esforço realizado, tontura, sudorese fria, dor torácica, síncope (desmaio) e qualquer manifestação diferente do habitual. Diante dessas situações, o paciente deve procurar, sem demora, auxílio médico.
Em suma, procure ser ativo até nas pequenas tarefas diárias. Encare o EF como um remédio eficaz, prazeroso e de baixo custo, e não como uma obrigação chata que precisa ser cumprida. Pare, reflita, olhe ao seu redor e se questione: Como eu quero envelhecer? Adicione vida aos seus anos. Viva com qualidade!
Antônio Carlos Sobral Sousa, professor titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras, de Educação, Estanciana de Letras e Riachuelense de Letras, Ciências e Artes.
Milena dos Santos Barros Campos, coordenadora da Residência de Cardiologia do Hospital São Lucas / Rede D`Or de Aracaju, SE