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Doenças do século XIX e doenças do século XXI: Convivência sanitária?

No século 19, doenças infecciosas como tuberculose, cólera e varíola dominaram o cenário epidemiológico mundial de grande consequência...

Por ANDREA TAVARES Publicado em 17/04/2025 às 0:00 | Atualizado em 17/04/2025 às 10:13

A Revolução Industrial trouxe modernidade, considerável aumento populacional nas cidades, carregando consigo condições sanitárias precárias e doenças de veiculação hídrica. A falta de conhecimento sobre a transmissão de doenças e a ausência de vacinas eficazes contribuíram para altas taxas de mortalidade.

Com a chegada do século 20, a descoberta de antibióticos e vacinas revolucionou o tratamento de doenças remanescentes do século anterior, emblematicamente, a poliomielite. No entanto, o século também viu o surgimento de novas ameaças, como a gripe espanhola em 1918, que causou milhões de mortes.

No século XXI, a reverberação de doenças como tuberculose e sífilis; doenças crônicas como diabetes e doenças cardíacas, amalgamam-se as novidades dos super fungos, das superbactérias e das pandemias. Passados quase cinco anos da deflagração da pandemia de Covid -19, uma reflexão torna-se necessária: como iremos conviver sob o ponto de vista sanitário, com a dengue advinda nos ditos navios negreiros, há mais de três séculos, ao mesmo tempo que ISTs como a sífilis participa da vida de nossos adolescentes, tal qual século 19? Como será o nosso "comportamento sanitário" diante dos baixos índices de vacinação infantil, com o retorno dos casos de sarampo e os atuais vírus sinciciais, que acometem a infância na era dos celulares e carros elétricos?

Alexandre Dumas, em sua obra "A Dama das Camélias", publicada em 1848 , trazia a cortesã Marguerite Gautier suspirando por amor , em meio a acessos de hemoptise, característicos da tuberculose que assolava o mundo de então. Hansenianos vagavam entre cidades, tocando suas matracas, avisando de sua passagem para que os moradores se recolhessem e evitassem o contágio.

Hoje novos hansenianos florescem em nossas cidades, sem alarde, sem matraca, contudo vagando em busca de diagnóstico e tratamento. Após nossos bravos heróis como Sabin, Calmette e Guérin, Semmelweis, Pasteur e muitos outros, o que esperamos de nossos novos heróis no enfrentamento de doenças tão antigas e doenças tão modernas, ao mesmo tempo? Quem cuidará do novo mal do século: a saúde mental? Reflitamos.

Andrea Tavares, doutoranda em Enfermagem e coordenadora do curso de Enfermagem do Centro Universitário UniFBV Wyden

 

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