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O dileto Marcos Vilaça

Marcos Vilaça, filho de Nazaré da Mata e muito ligado a cidade de Limoeiro era um homem educadíssimo, gentil, culto, intelectual de prestígio.....

Por ARTHUR CARVALHO Publicado em 09/04/2025 às 0:00 | Atualizado em 09/04/2025 às 14:10

Conheci Marcos Vilaça em 1961, no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco, cujo diretor executivo era o geógrafo e poeta Mauro Mota, quando o Instituto tinha um quadro pequeno de funcionários, entre os quais, o artista plástico Adão Pinheiro, o economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque, o romancista Alves da Mota e o sociólogo e antropólogo Roberto Motta. Marcos Vilaça, filho de Nazaré da Mata e muito ligado a cidade de Limoeiro era um homem educadíssimo, gentil, culto, de grande prestígio no mundo intelectual brasileiro, autor de livros sobre sociologia e economia, professor de várias faculdades, poliglota, tinha alma popular. Foi ele quem abriu as portas da Academia Brasileira de Letras para Gilberto Gil e Fernanda Montenegro, artistas populares do Brasil, tendo sido quatro vezes seguidas seu Presidente.

Quando o vate e escritor Fernando Monteiro partiu recentemente, eu lamentei aqui que meus amigos mais chegados estão indo embora aos poucos sem aviso prévio, porque a morte dos amigos é sempre por nós indesejada. Sem eles, é um pedaço do nosso coração que vai embora e a ferida não cicatriza.

Quando Maria do Carmo, esposa de Marcos Vilaça faleceu, eu lhe telegrafei: "Você não merecia." Resposta: "Obrigado, dileto." Quando um cliente meu foi sumária e injustamente demitido da Caixa Econômica, eu lhe comuniquei me queixando. Ele estava no Rio, atendeu o telefonema e no dia seguinte o funcionário era readmitido.

Três dias antes da cerimônia na qual eu receberia o título de Cidadão Honorário de Pernambuco ele me telefonou informando que a banda de música da PM não tocaria no evento como de praxe nessas ocasiões - que eu tomasse as devidas providências - e desligou sem maiores comentários, preservando a ética social que sempre cultivou. Me comuniquei com o querido amigo e lendário jornalista Cícero de Moraes que falou com o Coronel Pedro Leite, que contou o caso ao General do 4º Exército e no dia da festa, a banda de música do Exército abrilhantou a cerimônia.

Com Roberto Cavalcanti de Albuquerque escreveu vários livros importantes inclusive "Em torno da Sociologia do Caminhão" e "Coronel, Coronéis," ambos sucessos da crítica especializada do Brasil e do exterior. Abraço afetuoso Marcos. Fique com Deus, Marcos.

Arthur Carvalho, da Academia Recifense de Letras - ARL