O dileto Marcos Vilaça
Marcos Vilaça, filho de Nazaré da Mata e muito ligado a cidade de Limoeiro era um homem educadíssimo, gentil, culto, intelectual de prestígio.....

Conheci Marcos Vilaça em 1961, no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, hoje Fundação Joaquim Nabuco, cujo diretor executivo era o geógrafo e poeta Mauro Mota, quando o Instituto tinha um quadro pequeno de funcionários, entre os quais, o artista plástico Adão Pinheiro, o economista Roberto Cavalcanti de Albuquerque, o romancista Alves da Mota e o sociólogo e antropólogo Roberto Motta. Marcos Vilaça, filho de Nazaré da Mata e muito ligado a cidade de Limoeiro era um homem educadíssimo, gentil, culto, de grande prestígio no mundo intelectual brasileiro, autor de livros sobre sociologia e economia, professor de várias faculdades, poliglota, tinha alma popular. Foi ele quem abriu as portas da Academia Brasileira de Letras para Gilberto Gil e Fernanda Montenegro, artistas populares do Brasil, tendo sido quatro vezes seguidas seu Presidente.
Quando o vate e escritor Fernando Monteiro partiu recentemente, eu lamentei aqui que meus amigos mais chegados estão indo embora aos poucos sem aviso prévio, porque a morte dos amigos é sempre por nós indesejada. Sem eles, é um pedaço do nosso coração que vai embora e a ferida não cicatriza.
Quando Maria do Carmo, esposa de Marcos Vilaça faleceu, eu lhe telegrafei: "Você não merecia." Resposta: "Obrigado, dileto." Quando um cliente meu foi sumária e injustamente demitido da Caixa Econômica, eu lhe comuniquei me queixando. Ele estava no Rio, atendeu o telefonema e no dia seguinte o funcionário era readmitido.
Três dias antes da cerimônia na qual eu receberia o título de Cidadão Honorário de Pernambuco ele me telefonou informando que a banda de música da PM não tocaria no evento como de praxe nessas ocasiões - que eu tomasse as devidas providências - e desligou sem maiores comentários, preservando a ética social que sempre cultivou. Me comuniquei com o querido amigo e lendário jornalista Cícero de Moraes que falou com o Coronel Pedro Leite, que contou o caso ao General do 4º Exército e no dia da festa, a banda de música do Exército abrilhantou a cerimônia.
Com Roberto Cavalcanti de Albuquerque escreveu vários livros importantes inclusive "Em torno da Sociologia do Caminhão" e "Coronel, Coronéis," ambos sucessos da crítica especializada do Brasil e do exterior. Abraço afetuoso Marcos. Fique com Deus, Marcos.
Arthur Carvalho, da Academia Recifense de Letras - ARL