OPINIÃO | Notícia

Rafael Simões: Vamos construir uma cidade viva

No Recife, foram R$ 2,9 bilhões em lançamentos em 2024 — números que expressam a força do mercado imobiliário e impacto na vida das pessoas

Por RAFAEL SIMÕES Publicado em 31/03/2025 às 7:00

O Troféu ADEMI chegou a sua 30ª edição. Ao longo dessas três décadas, este momento simboliza muito mais do que a consagração de empreendimentos premiados. Celebra o compromisso de empresas e profissionais que trabalham, todos os dias, para entregar o melhor à nossa cidade. Com envolvimento de diversos atores privados e públicos. Estamos falando de ciclos de pelo menos cinco anos, conduzidos com coragem, resiliência e muita competência. É por isso que, antes de qualquer premiação, eu digo: as verdadeiras estrelas são todos que fazem parte do mercado imobiliário. Esta celebração foi para vocês — pelos que planejam, aprovam, financiam, vendem, constroem e entregam. É a premiação de todos que fazem o mercado imobiliário. Juntos fizemos de 2024 um ano digno de orgulho: foram R$ 10,55 bilhões em valor geral de vendas no Estado de Pernambuco com 28,6 mil unidades habitacionais.

Apenas no Recife, foram R$ 2,9 bilhões em lançamentos só em 2024 — números que expressam não apenas a força do setor, mas o impacto direto na vida das pessoas. Foi uma noite de reconhecimento. Mas, também, uma oportunidade de reafirmar o nosso compromisso com o futuro. O que nos move é a convicção de que construir é transformar. E transformar a cidade é um ato coletivo. Um ato que exige visão, coragem e responsabilidade. A reflexão é que a cidade precisa do nosso setor para ser mais justa, mais viva, mais acessível.

A cidade que queremos DEPENDE de escolhas. De ousadia. De trabalho. E da força de um setor que quase sempre é apontado como vilão. À frente da Ademi, encontrei no setor público preparo, escuta e disposição para avançar. Mas uma frase que ouvi de um gestor me marcou: “Rafael, eu entendi e concordo com sua visão. Mas agora tem que explicar lá fora.” Foi quando entendi que o maior obstáculo não é técnico — é narrativo. É combater o DISCURSO DO ATRASO, que travou o desenvolvimento urbano nas últimas décadas. Discurso que diz que mais prédios causam trânsito, calor, especulação, destruição de identidade e da história. Discurso que repete que já há moradia suficiente — só falta requalificar.

Ou que a cidade do Recife não cabe mais moradores. Enquanto isso, a realidade é outra: Quem pode, paga o segundo aluguel mais caro do Brasil. Quem não pode, é forçado a morar mais longe— enfrentando 4 horas diárias de deslocamento, longe da família, do consumo, da capacitação. Isso não é cidade que queremos.

Quem defende esse discurso, na prática, defende o conforto de quem já está instalado. Ou apenas o prazer de propagar ignorância. As evidências hoje vão na direção oposta! Fomos atrás de dados, estudo, de gente séria. Trouxemos o Núcleo de Economia da UFPE, Laboratório das Cidades do INSPER de São Paulo e a conclusão é clara: produzir habitação é o remédio. Não a causa do problema. É construindo bem e nos lugares certos que se combate à desigualdade, que se reduz o aluguel, que se racionaliza o uso do solo, que se atrai investimentos.

Cidades compactas funcionam melhor — e isso é consenso global. O problema é o espraiamento urbano, que aumenta distâncias, engarrafa ruas e torna o transporte público ineficiente. Adensar exige mobilidade, sim. Mas é o caminho para uma cidade mais justa, eficiente e sustentável. A especulação cresce onde não se pode construir. O mercado imobiliário é o único remédio contra a escassez de moradia, trazendo para o mercado imóveis ociosos. Requalificar é necessário, claro. Mas não basta. É preciso recuperar e produzir. É liberando áreas bem localizadas que se amplia o acesso, que se atrai investimento e se equilibra o mercado. Dar espaço ao DISCURSO DO ATRASO não deu certo. É hora de virar essa chave. O setor imobiliário não é o vilão. É o motor da transformação urbana. E a cidade que queremos só será possível com o dinamismo do nosso setor.

Apesar dos desafios, temos muitos motivos para acreditar. Estamos avançando. Temos Planos Diretores mais evoluídos, uma nova Lei de Uso do Solo prestes a ser aprovada, um programa estadual robusto como o Morar Bem e uma agenda metropolitana em construção. Esses avanços mostram o preparo dos nossos gestores e fortalecem nosso papel enquanto setor: o de defender um urbanismo mais justo, conectado com a realidade e aberto ao futuro. Porque o setor imobiliário é parte da solução. Somos fundamentais para enfrentar desafios que nenhuma cidade pode ignorar: mobilidade, desigualdade, emprego, arrecadação e inclusão.

Nosso convite é claro: vamos construir juntos uma cidade viva, integrada, de todos. E para isso, é preciso parar de criminalizar quem constrói. É preciso planejar, liberar, preservar e investir com inteligência e responsabilidade. Construir é muito mais do que erguer prédios. É erguer oportunidades. É ativar territórios. É integrar pessoas. E construir bem é, acima de tudo, um ato de amor à cidade. E que as próximas edições do Troféu Ademi sigam sendo símbolo da força, da inteligência e do compromisso do nosso setor com o futuro das cidades.

Rafael Simões, presidente da Ademi-PE

 
 

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