Dr. Luiz Severo: prescrição de medicamento x disputa para quem tem autoridade em prescrever
Na minha opinião, prescrever um medicamento deve ser um ato fundamentado em um diagnóstico preciso, que, por sua vez, requer avaliação médica

Recentemente, a permissão do Conselho de Farmácia para que farmacêuticos prescrevam medicamentos gerou um intenso debate, especialmente entre entidades médicas que apontam essa prática como ilegal. A questão central gira em torno da capacidade de cada profissional de saúde em desempenhar suas funções de maneira adequada e responsável.
Na minha opinião, prescrever um medicamento deve ser um ato fundamentado em um diagnóstico preciso, que, por sua vez, requer uma avaliação médica. O fato de um farmacêutico ter conhecimento profundo sobre medicamentos não o qualifica automaticamente para determinar qual é a doença que o paciente apresenta. Essa distinção é crucial, pois o diagnóstico é uma responsabilidade que deve ser reservada a médicos, que são treinados para conduzir avaliações clínicas abrangentes.
É inegável que cada profissional de nível superior possui um valor significativo na jornada do paciente. O farmacêutico, por exemplo, desempenha um papel vital na orientação sobre a dosagem correta, o uso adequado dos medicamentos e a importância de evitar abusos e interações medicamentosas. Essas informações são essenciais e podem impactar diretamente a saúde do paciente.
Entretanto, o que parece estar em jogo é uma disputa sobre quem tem a autoridade para prescrever. O ideal seria promover uma corresponsabilidade entre médicos e farmacêuticos, onde cada um é reconhecido e valorizado por suas competências específicas.
No Brasil, muitos pacientes buscam soluções rápidas e milagrosas para suas condições de saúde, o que pode criar a ilusão de que o poder de prescrição traz benefícios imediatos. Porém, a verdadeira solução começa e termina na educação do paciente. Informar e instrumentar o indivíduo sobre seu tratamento é fundamental para garantir que ele receba o melhor cuidado possível.
Portanto, ao invés de uma disputa entre profissionais, o foco deve estar em como cada um pode contribuir para a saúde da comunidade. Médicos e farmacêuticos têm papéis complementares e, juntos, podem oferecer um atendimento mais eficaz e humanizado, sem a necessidade de competir por espaço. A valorização de cada profissão é essencial para que possamos construir um sistema de saúde mais equilibrado e eficiente.
Dr. Luiz Severo - Neurocirugião , especialista em dor