OPINIÃO | Notícia

Um passeio de lancha reuniu colunáveis do Recife

Foi a pré-estreia da lancha da CTU, com os convidados vips em traje rigor. Foi um dos maiores eventos sociais daquele ano na nossa cidade.

Por JOÃO ALBERTO MARTINS SOBRAL Publicado em 18/10/2024 às 0:00 | Atualizado em 18/10/2024 às 5:40

Em 1970, para usar no transporte coletivo do Recife, a Prefeitura do Recife trouxe da Holanda uma lancha de luxo, com 62 lugares, poltronas acolchoadas de couro, tapetes, banheiro e até um bar. A cabine era cercada de vidro, possibilitando visão total. Algo que faltava ao Recife. Foi batizada com o nome de "Garcia D'Ávila" e antes de iniciar o roteiro Recife-Antigo-Brasília Teimosa, teve uma pré-estreia de luxo.

 A Prefeitura, dona do barco, através da CTU- Companhia de Transportes Urbanos convidou Thais Notare, para organizar um passeio, na véspera do Natal de 1970. Ela era colunista do Suplemento Social do Jornal do Commercio e apresentava o programa "Hora do Coquetel", na TV Jornal do Commercio, ao lado do cronista social José de Souza Alencar, o "Alex". Ela teve a colaboração de Aldemar Paiva, presidente da Emetur - Empresa Metropolitana de Turismo.

 Resultou numa promoção sensacional, sob todos os aspectos, tudo correto, sem qualquer falha. Foram convidados os nomes de maior expressão na nossa sociedade. Foi exigido o traje rigor, algo inusitado no passeio de lancha. Os homens de black-tie, as mulheres com vestidos longos, assinados pelos mais famosos figurinistas da época, como Marcílio Campos e Jurandir. Tudo criando um toque de muito requinte.

A partida foi no Cais Almirante Doring, na sede do Cabanga, com os convidados sendo recebidos pelo prefeito Geraldo Magalhães Melo e a primeira-dama Penha. Uma recepcionista dava as instruções em inglês e português. A partida foi exatamente na hora prevista: 21h30. Logo no início do passeio, a lancha despertou muito interesse, fazendo com que muitos carros parassem junto ao rio, para observar o original passeio, na lancha toda iluminada.

Durante quatro horas, tranquilamente, o Garcia D´Ávila, singrou as águas do Capibaribe, indo até em frente ao São Luiz. Os convidados tiveram, então, uma oportunidade rara de observar toda a extraordinária beleza da decoração natalina do Recife.

Um perfeito serviço, com uísque, ginja e salgados funcionou durante todo o transcorrer do passeio, dando um colorido todo especial. Entre as pontes Duarte Coelho e Princesa Izabel, a lancha ancorou, quando foi servido o coquetel com o tradicional brinde com champagne a todos que lá estavam. Em seguida, tivemos uma serenata, com o cantor Otávio Santiago e participações de vários convidados mostrando suas qualidades de cantor.

Todos desceram num píer construído em frente ao Cinema São Luiz, quando os participantes foram levados, num ônibus de luxo, para a sede do Cabanga, onde tinham estacionado seus carros.

Foi um dos maiores eventos sociais daquele ano na nossa cidade. Uma iniciativa inédita, que nunca mais se repetiu e foi assunto por vários dias nas colunas sociais. Inclusive na minha.

 João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social 1

 

Compartilhe