Antônio Meneses: um dos maiores violoncelistas do mundo
Tive a oportunidade de conversar com ele, uma, figura extremamente simpática e simples, mesmo sendo um dos maiores músicos do mundo.

Nascido no Recife, brilhou apresentando-se com as maiores orquestras do planeta. E a música mundial perdeu, no final de semana passada, um dos seus maiores nomes, Antônio Meneses o mais prestigiado músico brasileiro em atividade. Considerado um dos 20 maiores violoncelistas do mundo em todos os tempos. Ele nasceu no Recife, em 23 de agosto de 1957 e com um ano se mudou para o Rio de Janeiro. Seu pai, João Jerônimo de Menezes, que era um mestre de obras, virou trompista e decidiu que seus cinco filhos seriam músicos como ele. E, num detalhe curioso, proibia que eles aprendessem a tocar piano, dizendo que já tinha muitos pianistas no mundo, Para Antônio, que era o primogênito, escolheu o violoncelo. Seu sonho foi realizado, pois além de Antônio Meneses, seus quatro irmãos se tornaram músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira; três violinistas e outro violoncelista.
Em 1958, João Jerônimo foi contratado para a orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e se mudou com a família. Antônio Menezes aceitou a escolha do pai e aos 10 anos começou a estudar violoncelo com a professora Nydia Otero. Seu talento e sua dedicação logo se destacaram e foi para a orquestra jovem do Municipal e epois para a Orquestra Sinfônica Brasileira. Quando o famoso violoncelista italiano Antônio Janigro veio se apresentar como convidado da OSB, conheceu Antônio Menezes e ficou impressionado com seu talento. E convidou-o para recebê-lo, quando se formasse, como aluno na Europa.
A família resolveu não esperar e, aos 16 anos, ele partiu para a Europa, para estudar na Escola Superior de Música de Düsseldorf na Alemanha. Logo depois mudou-se para Sttugart e em 1977 venceu o “Concurso Mundial de Munique” superando 40 concorrentes. Em 1981 participou da gravação de um concerto regido por Herbert von Karajan, um dos mais famosos maestros de todos os tempos. No ano seguinte, conseguiu o primeiro lugar no Concurso Tchaikosvski, em Moscou, um dos mais disputados do mundo. Começou, então, a decolar uma brilhante carreira internacional.
Ficou conhecido pela sua interpretação elegante, contida e requintada, tocando com as maiores orquestras do planeta como as Filarmônicas de Berlim, Moscou, São Petersburgo, Nova York e Tel-Aviv e com as Orquestras Sinfônicas de Londres, Viena. Amsterdam e Viena e com a Orquestra da Suisse Romande. E integrou o Beaux Arts Trio, de 1998 a 2008, uma prestigiosa formações de câmara, que se apresentou em cidades dos cinco continentes.
Antonio Meneses tocava usualmente com um violoncelo de Matteo Goffriller, construído em. 1710 em Veneza equivalente, nos violoncelos, ao violino “Stradivaius”, avaliado em R$ 6 milhões. Em ocasiões especiais tocava com um violoncelo barroco de quatro cordas feito por Filippo Fasser.
Ele faleceu vítima de “glioblasma multiforme”, uma forma agressiva de câncer cerebral. Ele já tinha sido obrigado a suspender as apresentações em 2010, com um câncer no pulso e em 2016 por outro tumor na perna. Quando recebeu o diagostico submeteu-se a tratamento paliativo em casa, onde morreu. Pediu que não tivesse velório e foi cremado em Basileia, na Suiça, apenas com a presença da esposa, Satoko Kuroda, e do único filho, Otávio, fruto de seu primeiro casamento, com a pianista filipina Cecile Licad.
Apesar de viver na Suíça desde 1989, Antônio Meneses manteve fortes laços com o Brasil. Colaborou regularmente com músicos brasileiros e encomendou obras de compositores nacionais, ajudando a divulgar a música brasileira no cenário internacional. Em 2007, quando apresentou as seis suítes de Bach no Teatro Cultura Artística, em São Paulo, convidou compositores, brasileiros, entre eles o pernambucano Clóvis Pereira e o ex-regente da Orquestra Sinfônica do Recife, Marlos Nobre, para escreverem peças solo inspiradas nas de Bach. As obras foram gravadas em 2009, no disco “Suítes Brasileiras.”
Atuou como solista em concertos da Orquestra Sinfônica do Recife. Tive a oportunidade de conversar com ele, uma, figura extremamente simpática e simples, mesmo sendo um dos maiores músicos do mundo. Apesar de ter mudado para o Rio muito criança se orgulhava de ser recifense, citando alguns lugares da cidade que admirava.
João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social 1