Uma ponte cheia de história
Caso tivesse mantido as características originais, seria mais uma grande atração turística no Recife Antigo, com muita gente lá fazendo selfies

A Ponte Giratória funcionou por muitos anos, no Recife Antigo. Ligando os bairros do Recife ao de São José, a Avenida Alfredo Lisboa e o Cais da Alfândega ao Cais de Santa Rita. Permitia a passagem de veículos e dos trens que seguiam para o Porto do Recife.
Tinha uma estrutura central, que ficava sobre uma coluna que girava, possibilitando liberar a navegação no Rio Capibaribe. Tinha o nome exatamente por esse mecanismo giratório. Foi construída com a possibilidade de permitir a passagem de barcos que se dirigiam ou saíam dos cais fluviais do Recife, como o Cais da Alfândega. Muitos tinham grande porte e estavam carregadas de mercadorias para nossa cidade.
Paravam em frente ao Grande Hotel, espaço onde hoje funciona o Fórum Tomaz de Aquino ou no Cais da Alfândega.
Antes da parte central da ponte girar, um aviso sonoro indicava que estava “aberta”, enquanto as suas cabeceiras eram barradas com correntes e avisos de alerta, para evitar acidentes. Sua construção, que trouxe técnicos da Europa, começou em 1920 e levou três anos. Tinha três lances: dois fixos, nas cabeceiras, e o central, giratório.
Foi inaugurada no dia 5 de dezembro de 1923 e funcionou até os anos 70 quando, tendo suas engrenagens danificadas e já não comportando o volume viário sobre ela, e também não havendo mais movimento de embarcações, foi desmontada.
Caso tivesse mantido as características originais, seria mais uma grande atração turística no Recife Antigo, com muita gente lá fazendo selfies, quem sabe esperando alguma abertura da parte central da ponte.
No lugar foi construída uma ponte de concreto, fixa, que recebeu o nome de Ponte 12 de Setembro, para lembrar o dia da inauguração das reformas do Porto do Recife, em 1918, quando atracou no cais do Armazém 9, o navio São Paulo.
Contudo, a denominação de Ponte 12 de Setembro acabou não “pegando” entre os recifenses, pois boa parte da população ainda se referia a ela como Ponte Giratória. Assim, a Prefeitura da Cidade do Recife decretou em 2013 que ela passaria a ser chamada de Antiga Ponte Giratória.
A Ponte Giratória tinha uma linha férrea, que permitia a ida dos trens de carga até o Porto do Recife, que funcionou por muitos anos.
Estava no roteiro original do Trem do Forró na nova versão para o Cabo de Santo Agostinho e está no projeto de VLT que ligaria o Largo da Paz à Estação Marítima de Passageiros agora totalmente inviabilizado com o fechamento da ponte. Pontes que se abrem para a passagem de barcos e navios ainda existem em várias partes do mundo,
A nova ponte de concreto entrou no projeto da Prefeitura do Recife de restaurar as pontes do Recife, a maioria sem qualquer manutenção há décadas. Com 195 metros de extensão, a obra começou com problemas técnicos, que tinham que ser interrompidas a cada maré, quando o nível da obra subia, por questão de segurança.
A obra muito complexa teve que ser interrompida, quando se descobriu que os problemas detectados eram muito maiores. As obras estão paradas há meses e uma nova licitação, com novos valeres, foi feita para a realização das obras.
Tão complicadas que tem gente afirmando, sem garantia é verdade, que a ponte terá que ser derrubada para a construção de uma nova. Obra caríssima e que exigiria muitos meses para estar concluída. O fato é que a ponte está fechada há meses, sem previsão para ser reaberta, o que provocou mudanças radicais no trânsito no centro da cidade.






