OPINIÃO | Notícia

Sheraton Reserva do Paiva: uma história de brilho e mistério

Hotel está fechado há quatro anos sem perspectiva de reabrir.

Por JOÃO ALBERTO MARTINS SOBRAL Publicado em 17/05/2024 às 0:00 | Atualizado em 17/05/2024 às 9:23

O lançamento do Sheraton Reserva do Paiva aconteceu no dia 9 de dezembro de 2011, com a presença do governador Eduardo Campos do empresário Luiz Felipe Vieira, da Promovalor, que depois foi presidente do Benfica, de José Ponte, vice-presidente da Starwood, dono da rede Sheraton, e de Paul Altiti, diretor da Odebrechet Imobiliária. Foi um evento que reuniu todo nosso mundo empresarial e turístico. Era a segunda presença da rede Sheraton no estado, primeiro com o Sheraton Petribu, em Piedade. Que teve como gerente, por coincidência, José Ponte, que participou do evento como vice-presidente da Stareeod. Além de dirigentes do grupo Brennand, dono do terreno. Quem ficou respondendo pela Promovalor foi Almerindo Duarte, uma figura da maior simpatia, que tinha muitos amigos no Recife, como Roberto Rego e Alberto Feitosa, que era o secretário de turismo do estado. Lembro de ter almoçado com eles num restaurante típico de Brasília Teimosa e no "Gambrinus" em Lisboa.

Com obras em ritmo acelerado o hotel abriu no dia 16 de junho de 2014, com a presença do governador João Lyra, dos prefeitos Geraldo Júlios, do Recife, e Elias Gomes, do Cabo de Santo Agostinho, em evento social prestigiadíssimo. O hotel teinha 298 apartamentos, incluindo 18 "suites club" e uma das maiores suites presidenciais do país, com 120 metros quadrados. Todas as unidades tinham um diferencial: a "Sheraton Sweet Sleeper Bed", uma cama simplesmente maravilhosa, que usufrui nas muitas vezes em que estive hospedado no hotel. Ocupava (e ocupa) uma área de 8.800 metros quadrados de área construída e oito andares de prédio. Na época foi avaliado em 200 milhões de euros. 

Outro diferencial era o exclusivo "Sheraton Club Lounge", de acesso para os hóspedes das suítes, que funcionava praticamente o dia inteiro, com um completo buffet e vários tipos de bebidas. Tudo de graça para os que podiam ter acesso. Tinha também um café da manhã exclusivo e sofisticado.

O Sheraton Reserva do Paiva Hotel and Convention Center, este é seu nome completo, tinha um centro de convenções e eventos com mais de 1.500 metros quadrados podendo acomodar até 2,1 mil pessoas. O espaço, batizado com o nome de "Governador Eduardo Campos, era formado por dois ballrooms e três salas para eventos, com pé direito de quase cinco metros, com ar condicionado individual, estrutura à prova de som, tecnologia audiovisual de alta qualidade. E acesso direto aos terraços exteriores. O Centro de Convenções também ostentava uma área adicional flexível de 1,200 metros quadrados para reuniões e exposições na área do saguão. O hotel oferecia 120 vagas cobertas de estacionamento

Tinha um hall maravilhoso, com pé direito imenso e um bar temático, além da área de recepção. O hotel possuia o "Sheraton Shine Spa" com 600 metros quadrados com uma academia Sheraton Fitness, exclusiva da marca Sheraton, com mais de 120 metros quadrados de espaço para exercícios. E tratamento com 18 terapias exclusivas e revolucionárias. Foi lá que se hospedavam as tripulações das empresas norte-americanas "Delta" e "American Airlines", quando operaram no Recife. Entre seus diretores, um se destacou, o alemão Guido Stütz, tão competente quanto simpático. Apaixonou-se por Pernambuco, tanto que decidiu ficar aqui, quando hotel fechou. Hoje, atua no resort Westim, em Porto de Galinhas.

O Sheraton tinha dois restaurantes: o "Paiva Grill", comandando pelo chef português Fernando Fonseca, que tinha entre as atrações o pudim que ficou famoso, o melhor que já comi e uma feijoada aos sábados. E o exclusivo "Reserva", por muito tempo dirigido pelo famoso chef Olivier Costa, dono de vários restaurantes em Lisboa e no Algarve e que vinha constantemente ao hotel, inclusive comandando vários festivais de sucesso. Hotel tinha ainda áreas de lazer com campo de futebol, vôlei e minigolfe, brinquedoteca. E um parque aquático com um do por-do-sol mais bonitos do Brasil.

O sofisticado Beach Club do hotel estava situado à beira-mar e em contato com a natureza. O terraço semicoberto, possuia piscina de borda infinita, bar de borda molhada, espreguiçadeiras e gazebos.. Podia-se fazer as refeições ao ar livre, tomando sol, ou no restaurante climatizado onde há diversas opções de drinks e pratos Para ir do hotel para lá existiam vans e bicicletas à disposição dos hóspedes.

O Sheraton Reserva do Paiva recebeu grandes eventos sociais e empresariais. e por muitos anos teve um badaladíssimo réveillon, com grande atrações. Por um período teve a esperança de muito movimento, com a instalação em prédio ao lado do Consulado dos Estados Unidos, o que não aconteceu. Depois começou a entrar em decadência. Não nas instalações, mas na ocupação, principalmente quando começou a pandemia da Covid-19. Resultado é que a rede Sheraton rescindiu o contrato e o hotel fechou em 20 de março de 2020. Nestes quatro anos surgiram muitas informações. Primeiro que seria operado pela rede Vila Galé; depois pela Rede Meliá. Nos dois casos, problemas jurídicos em Portugal, impediram a concretização das operações. Que exigiria, claro, um grande retrofit, nome que se dá à reforma de prédios, mesmo sempre havendo equipes de manutenção.

E o Sheraton Reerva do Paiva continua fechado, sem nenhuma perspectiva imediata de reabrir. Um mistério absoluto, ninguém sabe de nada. Seu belo edifício, serve apenas para lembrar da fase, em que foi o grande hotel de Pernambuco. E a esperar para que a próxima notícia da sua reabertura não seja mais uma fake News.

João Alberto Martins Sobral ,editor da coluna João Alberto no Social 1

 

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