OPINIÃO | Notícia

Nação próspera

Para a nação prosperar os domínios precisam ser moldados pelo caráter dos cidadãos e das lideranças, que nutrem a cultura da nação

Por EDUARDO CARVALHO Publicado em 05/01/2024 às 0:00 | Atualizado em 05/01/2024 às 11:31

A prosperidade é construída, essencialmente, por pessoas com capacidade de fortalecer suas comunidades e nações para o bem-estar comum, econômico e social. Abrange todos os sistemas de uma nação e o seu caráter. É sobre crescimento, oportunidade, liberdade e responsabilidade. A história revela que os fundamentos da prosperidade são as crenças, valores, cultura e tradições. Eles criam pessoas virtuosas, sociedades baseadas na confiança e nações prósperas. Compreender o que funcionou bem antes, pode ajudar a cuidar do presente e do futuro, instituindo-se bons princípios e políticas.

Com esse propósito e visão foi criado o Instituto Legatum, um think-tank sediado em Londres com a visão global do mundo sem pobreza. Tem a missão de construir um movimento internacional de pessoas comprometidas com a transformação da sociedade e a criação de caminhos da pobreza para a prosperidade, envolvendo indivíduos, famílias, comunidades e nações.

Para avaliar e monitorar esses propósito, visão e missão, o instituto criou em 2007, o índice de Prosperidade (Prosperity Index). É um ranking anual de 167 países, fundamentado em 12 pilares, nas dimensões institucionais, econômicas e sociais (governança, educação, saúde, capital social, segurança, direitos humanos, ambiente empresarial, ambiente de investimento, infraestrutura, economia, qualidade de vida, meio ambiente) com 300 indicadores referentes a cada país. O índice foi projetado para ser uma ferramenta transformadora permitindo que líderes de todo o mundo a utilizem para ajudar a definir suas agendas de crescimento e desenvolvimento sustentável e de longo prazo.

Na avaliação de 2023, os cinco países com melhor classificação, foram: Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Suiça. O Brasil classificou-se na 67º posição, e se mantém nesse nível desde que o índice foi implantado em 2007. Não evoluiu. Tem indicadores ruins ou péssimos em: infraestrutura (87º), liberdade de imprensa (101º), intergridade do sistema judiciário (102º), restrição a investimento internacional (108º), proteção dos direitos de propriedade (108º), emissão de metano (125º), satisfação com o sistema de saúde (129º), satisfação com transporte público (130º), logística (136º), acesso a educação de qualidade (145º), eficiência do sistema judiciário (145º), criminalidade (150º), confiança institucional (153º), corrupção nas organizações públicas (154º), tributos e susbsídios (162º), gastos governamentais (164º) e burocracia (167º).

O índice foi definido através de extensa pesquisa envolvendo mais de 100 acadêmicos e especialistas competentes em cada um dos pilares, criando um modelo que determina a prosperidade de cada nação e do mundo. Tem natureza multidimensional, compreendendo três domínios, fundamentos essenciais da prosperidade: Sociedades Inclusivas, Economias Abertas e Pessoas Empoderadas. O domínio "Sociedades Inclusivas" compreende as estruturas de relacionamento numa sociedade, entre indivíduos e instituições, e o grau que permitem ou obstruem a coesão social e o desenvolvimento coletivo. Essas instituições sociais e jurídicas são essenciais para proteger os direitos fundamentais das pessoas e sua capacidade de florescer. Este domínio consiste nos pilares de segurança, direitos humanos, governança e capital social.

O domínio "Economias Abertas" avalia os níveis de abertura da economia à concorrência, o incentivo à inovação e ao investimento e a facilidade de fazer negócios. Para uma sociedade ser verdadeiramente próspera é necessário uma economia que incorpore esses objetivos. Este domínio consiste nos pilares de ambiente de investimento, ambiente empresarial, infraestrutura e economia.

O domínio "Pessoas Empoderadas" avalia a qualidade da experiência vivida pelas pessoas que possibilitam alcançar o seu potencial plenamente. Compreende os pilares de qualidade de vida, saúde, educação e meio ambiente. Os indicadores em cada domínio se relacionam com indicadores do mesmo domínio e dos outros.

Para a nação prosperar os domínios precisam ser moldados pelo caráter dos cidadãos e das lideranças, que nutrem a cultura da nação. O caráter das pessoas é cultivado pelas famílias, amizades, comunidades, escolas, experiências, escolhas. Crenças e valores são formados como resultado, que afetam a capacidade das pessoas de superar desafios, criar e aproveitar oportunidades, serem líderes de prosperidade de organizações, cidades, nação. Comprometerem-se se em eliminar a pobreza e não apenas manter os cidadãos pobres presos em ciclos de dependência de ajuda.

A expectativa é que o modelo ora exposto provoque debates e incentive os formuladores de políticas, acadêmicos, jornalistas e o público em geral a ter uma visão holística da prosperidade e entender melhor como é criada e cultivada. Fundamentalmente, usando o Índice de Prosperidade para avaliar os pontos fortes e fracos da nação, a fim de determinar as prioridades econômicas, sociais e estratégicas, e dessa forma, impulsionar maiores níveis de prosperidade.

Eduardo Carvalho, autor do livro Por um Brasil Digno

 

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