OPINIÃO

Planejar a sucessão familiar

Para obter êxito no planejamento familiar, é preciso que a sucessão esteja acima dos interesses pessoais. Pensar em sucessão familiar, é planejar, com antecedência, como será o processo sucessório

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CLÁUDIO SÁ LEITÃO E LEONARDO BARBOSA

Publicado em 06/10/2023 às 0:00 | Atualizado em 06/10/2023 às 13:09
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Os empreendimentos administrados por famílias no Brasil são um dos pilares da nossa economia. Pesquisas indicam que, dentre as grandes companhias (cias) familiares, incluindo cias abertas e fechadas, cerca de 30% sobrevivem a primeira sucessão.

No entanto, somente cerca de 5% alcançam a terceira sucessão. O motivo principal é a falta de um plano de sucessão familiar. Pela ausência de um planejamento sucessório, as cias familiares correm um sério risco de serem pegas desprevenidas, podendo ter dificuldade de agir em momentos de incertezas. Em uma cia familiar, a família controladora é quem possui a maior parte dos votos e, consequentemente, detém o poder de tomar as decisões mais importantes.

Assim, a sucessão familiar é um processo natural nesse tipo de cia, mas é algo que precisa de muita atenção por parte dos acionistas. Isto porque em uma cia familiar, a sucessão pode causar conflitos de interesses, desconforto e até intrigas podendo acontecer que membros menos preparados acabam assumindo a gestão da cia.

Apesar do plano de sucessão familiar ser um processo árduo, que envolve também o lado emocional, pelas relações afetivas envolvidas, ele deve ser prioridade para os modelos de negócio desse tipo. O ideal é que o processo de transição ocorra de maneira suave e a gestão seja comandada pelo profissional mais preparado para o cargo. É evidente que a transição de sucessores, sem planejamento, pode comprometer a sobrevivência da cia familiar.

O plano sucessório deverá abordar para quem será transferido a gestão da cia familiar, de modo a assegurar a sua sustentabilidade , perante aos colaboradores, o mercado e os stakeholders, garantir a transparência do processo, por meio da governança corporativa, profissionalizar a linha sucessória e demais lideranças e traçar as metas de curto, médio e longo prazo.

Nem todo o controlador, na maioria das vezes, está apto para tomar decisões de sucessão sozinho, sendo importante contar com a ajuda de profissionais qualificados e que tenham sensibilidade e visão analítica sobre o assunto. O quanto antes for elaborado o plano de sucessão, mais rápido poderá ser colocado em prática uma série de providências que beneficiarão a cia e ajudarão a continuidade dos negócios da família.

Para obter êxito no planejamento familiar, é preciso que a sucessão esteja acima dos interesses pessoais. Pensar em sucessão familiar, é planejar, com antecedência, como será o processo sucessório. Assim, o plano de sucessão é algo que não deve ser lembrado e tratado somente quando houver algum evento ou alteração nos líderes do negócio familiar.

Isso porque esse plano pode ser utilizado também para construir uma nova liderança forte, que pode ajudar a cia a sobreviver as mudanças no mercado e forçar os executivos a adaptarem ao estilo de gestão do sucessor que, apesar de diferente do sucedido, poderá alcançar a resultados iguais ou até mesmo melhores do que os já alcançados pela cia familiar.

Cláudio Sá Leitão e Léo Barbosa, conselheiros e Sócios da Sá Leitão Auditores e Consultores. 

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