O que significa uma cidade próspera?

Uma cidade próspera oferece serviços públicos - educação, saúde, saneamento, abastecimento d'água, fornecimento de energia, coleta de lixo, segurança, mobilidade - de alta qualidade para todos os cidadãos; cria oportunidades econômicas para residentes; tem boas opções para lazer e convívio social; tem atrativos para turistas nacionais e internacionais; é ambientalmente sustentável; facilita a implantação de empresas. Esse modelo de cidade atrai negócios que geram empregos de qualidade, com impacto positivo na sociedade. É competitiva globalmente. A atração de turistas, talentos e investimento internacional é resultado desse modelo, criando-se um ciclo virtuoso. O sucesso do modelo depende da competência da governança da cidade, que deve ter a sabedoria e bom senso para aprender sobre as melhores referências internacionais.

Entre os fatores críticos para uma cidade ser próspera, o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)/Conselho Mundial de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável define que a mobilidade eficiente e segura é a força propulsora da atividade econômica, facilitando o acesso ao trabalho, à educação, à saúde e a toda rede fornecedoras de bens e serviços. O plano de mobilidade deve considerar a minimização do congestionamento de trânsito e do impacto ambiental, assim como a segurança do usuário. Todos os elementos do sistema de mobilidade precisam ser ponderados com visão sistêmica, fundamentados em estudos de viabilidade e transparentes aos usuários que serão impactados. Não é razoável considerar o automóvel como vilão. É desrespeitoso querer impor aos cidadãos que fazem uso desse meio de transporte utilizar transporte público de péssima qualidade (desconfortável, inseguro e superlotado), ou bicicleta ou ainda, caminhar por calçadas danificadas, com risco de acidentes ou assalto. Em países desenvolvidos crianças e adolescentes vão para a escola caminhando por calçadas seguras, de automóvel ou ônibus escolar.

Para a viabilização do modelo de cidade próspera, o gestor e suas equipes devem escutar os cidadãos, circular na cidade, sentir o aroma do rio e dos canais, avaliar vias, calçadas e parques, visitar escolas e unidades de saúde. Só assim vai compreender a dinâmica da cidade nas suas várias dimensões e realidade. O nosso Recife, entre outras cidades brasileiras, está repleta de problemas graves. Sua governança precisa fazer o desafiador "dever de casa" para fazer acontecer a transformação da cidade, urgente e necessária, objetivando a sua prosperidade e o bem estar dos seus cidadãos e visitantes.

Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow

 

*Os artigos são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do JC