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G20 na África do Sul é marcado por ausência dos EUA e tensão diplomática

A decisão classificou a realização da cúpula sul-africana como uma "desgraça", deixando os EUA como o único dos 19 países do G20 sem representação

Por Estadão Conteúdo Publicado em 21/11/2025 às 20:49

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Líderes mundiais se reuniram para a primeira cúpula do G20 realizada na África do Sul, mas o encontro foi ofuscado pelo boicote dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump ordenou a ausência americana, alegando que a África do Sul, país de maioria negra, persegue sua minoria branca. A decisão classificou a realização da cúpula sul-africana como uma "desgraça", deixando os EUA como o único dos 19 países do G20 sem representação no evento.

Enquanto isso, outros líderes viajaram a Johannesburgo em busca de parcerias comerciais após as tarifas impostas pelos EUA. A China aproveitou o vácuo norte-americano para expandir sua influência na África, com o primeiro-ministro Li Qiang assinando um acordo de US$ 1,4 bilhão para reforma de ferrovia na Zâmbia. Analistas avaliam que o boicote americano pode acelerar a aproximação de países em desenvolvimento com Pequim e diversificar a liderança na governança global.

A África do Sul, que preside a cúpula, planejava focar em questões prioritárias para o mundo em desenvolvimento, como impactos das mudanças climáticas, dívidas de países pobres e desigualdade global. No entanto, as tensões diplomáticas se agravaram quando autoridades sul-africanas acusaram Washington de pressionar o país a não emitir uma declaração final de líderes devido à ausência americana. O presidente Cyril Ramaphosa reagiu de forma contundente: "Não seremos intimidados" afirmou, acrescentando que "a ausência deles é perda deles".

Negociação Mercosul-União e África Austral

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se nesta sexta-feira, 21, com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Lula está na capital sul-africana, Johannesburgo, para participar da Cúpula do G20.

Um dos temas da conversa foi a balança comercial dos dois países. "Os dois líderes reconheceram que a balança comercial não condiz com o tamanho das duas economias e avaliam a possibilidade de negociações para ampliação do Acordo entre Mercosul e a União Aduaneira da África Austral", afirmou a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), em nota.

Lula também convidou Ramaphosa para que visite o Brasil no começo de 2026 para um "seminário empresarial". Segundo a Secom, o presidente sul-africano aceitou o convite.

Ainda de acordo com a nota, os dois presidentes também conversaram sobre a criação de um painel de especialistas em desigualdade, sobre os resultados da COP30 e sobre medidas para o fortalecimento do multilateralismo.

Lula desembarcou nesta sexta, em Joanesburgo. O G20 de 2025 tem como lema "Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade". Na segunda-feira, o petista estará em Maputo, capital de Moçambique onde participará de evento para comemorar as relações entre os dois países.

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