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Após dois dias de confrontos com Camboja, 138 mil se deslocam na Tailândia

A Tailândia advertiu nesta sexta, 25, que os confrontos na fronteira podem escalar para uma guerra. Numa disputa territorial de décadas

Por Estadão Conteúdo Publicado em 25/07/2025 às 21:51 | Atualizado em 25/07/2025 às 21:51

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Soldados de Tailândia e Camboja trocaram tiros ontem pelo segundo dia seguido na fronteira, agravando a crise no Sudeste da Ásia. O conflito já deixou 15 mortos, feriu dezenas e forçou a retirada de mais de 138 mil habitantes em território tailandês.

A Tailândia advertiu nesta sexta, 25, que os confrontos na fronteira podem escalar para uma guerra. Uma disputa territorial de décadas virou uma guerra de jatos, artilharia, tanques e tropas, que preocupa a comunidade internacional.

O Conselho de Segurança da ONU convocou ontem uma reunião de emergência, em Nova York, a pedido do primeiro-ministro do Camboja, Hun Manet. O premiê interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, disse que, "se a situação se agravar, poderá evoluir para uma guerra".

As autoridades tailandesas declararam lei marcial em oito distritos da fronteira com o Camboja, de acordo com Apichart Sapprasert, comandante da força fronteiriça nas Províncias de Chanthaburi e Trat.

Negociações

O porta-voz da chancelaria da Tailândia, Nikorndej Balankura, disse que havia sinais de que os combates estavam diminuindo e seu país estava aberto a negociações, possivelmente com mediação da Malásia.

"Estamos prontos. Se o Camboja quiser resolver esta questão por via diplomática, bilateralmente ou mesmo através da Malásia, estamos prontos. Mas, até agora, não recebemos nenhuma resposta", afirmou.

O conflito entre os dois países remonta ao período colonial francês, que terminou com uma fronteira mal definida. Sempre que Camboja e Tailândia vivem crises internas, a violência ressurge, como forma de substituir a insatisfação popular pelo nacionalismo.

No caso tailandês, a crise política é resultado do afastamento da premiê, Paetongtarn Shinawatra, acusada de ser subserviente ao ex-ditador cambojano Hun Sen - em uma ligação telefônica entre os dois, cujo teor foi publicado pela imprensa tailandesa, ela o chama de "tio" e diz que "providenciaria" qualquer coisa que ele quisesse.

Hun Sen governou o Camboja por mais de 40 anos, deixando o comando para seu filho, Hun Manet, de 47 anos. Segundo observadores, o conflito com a Tailândia seria uma forma de arregimentar apoio para o novo ditador - o Camboja tem um sistema político de partido único.

Tarifas

Observadores dizem que um outro fator pode ter desatado a disputa: as tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump. Tanto Camboja quanto Tailândia enfrentam a perspectiva de uma taxa de 36% para as exportações de produtos para os EUA a partir de 1.º de agosto. O conflito, portanto, seria uma distração bem-vinda dos problemas econômicos.

 

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