Com 90% de desaprovação, presidente do Peru dobra o próprio salário e gera revolta
Governo justifica medida com base em comparação com outros presidentes da América Latin; Salário de Dina Boluarte passa de US$ 10 mil
A presidente do Peru, Dina Boluarte, que enfrenta um índice de desaprovação superior a 90%, autorizou um aumento de 125% em seu próprio salário, elevando seus vencimentos para pouco mais de US$ 10 mil (cerca de R$ 54 mil).
A medida, que torna o salário presidencial mais de 31 vezes maior que o mínimo no país, gerou uma onda de críticas e revolta na oposição e na sociedade peruana.
A decisão foi tomada durante a reunião semanal de ministros e ocorre em um momento de extrema fragilidade política para a presidente, que está no poder desde dezembro de 2022.
Aumento e Justificativa
O secretário de Economia peruano, Raúl Pérez, justificou o reajuste afirmando que foi feita uma comparação com os salários de presidentes de 12 países latino-americanos.
"Foi estabelecida uma metodologia que compara os salários em dólares", explicou, afirmando que o salário presidencial do Peru "ficou em 11.º lugar", à frente apenas do da Bolívia.
O valor estava congelado havia mais de 14 anos, e seis presidentes que antecederam Boluarte receberam, em média, pouco mais de US$ 4,3 mil desde 2011. A medida contradiz um comunicado da própria presidência que, em 26 de maio, negou que um aumento salarial estivesse em análise.
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Rejeição e Críticas da Oposição
A repercussão no Congresso foi imediata e negativa. O congressista de oposição Alex Flores declarou que Boluarte aumenta seu salário "enquanto o país desmorona, o crime e a corrupção estão desenfreados".
A deputada Ruth Luque exigiu que a medida seja revertida "imediatamente", afirmando que "os recursos devem ser destinados a saúde, educação e bem-estar dos peruanos".
Para o ex-ministro da Economia Luis Miguel Castilla, a decisão do governo só "aumenta o sentimento de frivolidade da presidente peruana".
Presidente Sob Investigação
O aumento salarial ocorre enquanto Dina Boluarte, de 63 anos, já enfrenta outras polêmicas e investigações. Ela é investigada por ter se ausentado do cargo para realizar uma cirurgia plástica (rinoplastia) sem notificar o Congresso, como exige a lei.
Além disso, no ano passado, o Ministério Público peruano apresentou uma denúncia de corrupção passiva contra a presidente. A acusação é de que ela teria recebido joias e relógios de luxo não declarados do governador de Ayacucho, Wilfredo Oscorima, em troca de favores políticos.
(Com informações do Estadão Conteúdo e de agências internacionais)
