Irã ameaça fechamento do Estreito de Ormuz, fluxo de 20% do petróleo do mundo
O fechamento do Estreito de Ormuz pode provocar uma disparada no preço do barril de petróleo, que já registrava forte alta com a guerra

O parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, única saída de navios petroleiros do Golfo Pérsico, após ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do país. A medida ainda precisa passar pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo aiatolá Khamenei para entrar em vigor. O bloqueio interrompe o fluxo de cerca de 20% de todo o petróleo comercializado globalmente.
O fechamento do Estreito de Ormuz pode provocar uma disparada no preço do barril de petróleo, que já registrava forte alta desde o acirramento do conflito entre Israel e o Irã.
CRISE MUNDIAL
Segundo o professor de geopolítica da PUCPR e especialista em Relações Internacionais João Alfredo Lopes Nyegray, “a atual escalada não é apenas um conflito regional, mas a face mais visível do colapso da ordem internacional liberal criada após 1945. O enfraquecimento das instituições multilaterais, a paralisação do Conselho de Segurança da ONU e a normalização de ações militares unilaterais revelam uma transição para uma multipolaridade desorganizada, sem mecanismos eficazes de contenção”.
O ataque preventivo de Israel, justificado com base na doutrina de autodefesa contra a ameaça de um Irã nuclear, reacende os debates sobre os limites do uso da força e sobre a erosão da soberania estatal. A resposta iraniana, por sua vez, demonstra que mesmo Estados sob sanções mantêm capacidade ofensiva relevante, o que pode acelerar uma nova corrida armamentista no Oriente Médio.
O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico (ao norte) com o Golfo de Omã (ao sul), e "deságua" no Mar da Arábia. Na sua parte mais estreita, o estreito tem 33 km de largura, com canais de navegação de apenas 3 km em cada direção. Os EUA são os responsáveis por proteger a navegação comercial no estreito, com bases a partir do Bahrein.