"É um dos aviões mais modernos da Boeing", comenta piloto sobre acidente com aeronave na Índia
Paulo Neto, médico e piloto, concedeu entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal. Segundo ele, o avião é considerado novo

Um avião modelo Boeing 787 Dreamliner, da companhia Air India, caiu logo após a decolagem na cidade de Ahmedabad, no oeste da Índia, na manhã desta quinta-feira (12), no horário de Brasília. A aeronave seguia em direção a Londres e transportava 242 pessoas — sendo 232 passageiros e 10 tripulantes.
A queda ocorreu em uma área residencial e comercial. Segundo informações preliminares, entre os passageiros estavam 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense.
O médico e piloto brasileiro Paulo Neto, que atua há quase uma década como aviador comercial em Hong Kong, comentou o caso em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.
Paulo, que já pilotou aeronaves como o Airbus A320 e atualmente comanda um A330, falou sobre as características do modelo acidentado e compartilhou impressões iniciais a partir das imagens divulgadas.
“Esse é um Boeing 787, chamado Dreamliner. É um dos aviões mais modernos da Boeing, entregue novo à Air India em 2014, sem uso anterior por outras companhias. Trata-se de um avião tecnologicamente avançado, com inovações significativas”, afirmou.
Paulo explicou que o 787 trouxe uma mudança no sistema de pressurização da cabine. Enquanto a maioria das aeronaves usa ar quente das turbinas para pressurizar o interior, o Dreamliner utiliza um sistema elétrico com baterias específicas.
“A vantagem é que a turbina pode dedicar mais potência ao voo, e o ar injetado na cabine vem direto da atmosfera, sem passar pelo motor. No entanto, no início da operação desse modelo, houve problemas com as baterias, que exigiram ajustes”, comentou.
Primeiro acidente do modelo 787
O piloto destacou que esse é o primeiro acidente fatal envolvendo esse modelo - 787-8 - de aeronave desde seu lançamento.
Confira as características do avião:
- Tem capacidade para até 248 passageiros;
- Alcance: 13.530 km;
- 57 metros de comprimento;
- 60 metros de envergadura (distância entre a ponta de uma asa até a outra);
- 17 metros de altura;
- Peso máximo de decolagem: 227,9 toneladas.
Ao assistir aos vídeos do acidente divulgados em redes sociais e sites especializados, Paulo Neto chamou atenção para elementos técnicos incomuns.
“O trem de pouso permanecia abaixado, o que não é comum, já que normalmente é recolhido entre 15 e 20 segundos após a decolagem. Isso pode indicar uma situação de emergência, como perda de potência. Os motores não emitiam nenhum sinal visível de funcionamento, como fumaça — o que é esperado se os pilotos estivessem aplicando máxima potência para tentar manter o avião no ar", pontuou.
Aeronave não era velha
O piloto reforçou que, ao contrário do que o público possa imaginar, o avião não era antigo. “Um avião com 10 ou 11 anos ainda é considerado novo na aviação comercial. Muitos aviões em operação têm mais de 20 anos. Esse modelo também não tem histórico de acidentes, o que torna o caso ainda mais grave e atípico", disse.
Confira entrevista completa