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Em 100 dias, Trump mergulha EUA e o mundo na ansiedade

O presidente quer se concentrar no Congresso, para aprovar "a maior lei da história do país" em termos de corte de impostos e desregulamentação

Por AFP Publicado em 29/04/2025 às 20:33

Donald Trump espera tranquilizar um país abalado profundamente por 100 dias de uma presidência brutal e caótica, cujos efeitos são sentidos no mundo inteiro.

"Acho que ele está fazendo um grande trabalho", elogiou o enfermeiro aposentado Steve Camber, 60, antes de um comício de Trump em Warren, Michigan. "As tarifas vão ser um pouco duras agora, mas, no futuro, tudo será americano", previu Sara Azar, 55. Já o caminhoneiro Shah Mahdi, 40, elogiou o republicano, que "honra a sua palavra", afirmou. "Ele disse que a fronteira seria segura, e o é."

Trump assinou um decreto para reduzir o impacto econômico das tarifas "sobrepostas" aplicadas às montadoras. A taxa de 25% sobre veículos importados não será adicionada à de 25% sobre o aço ou alumínio, afirmou um funcionário do Departamento do Comércio.

O presidente quer se concentrar, agora, no Congresso, para aprovar "a maior lei da história do país" em termos de corte de impostos e desregulamentação.

 CONGRESSO E TRUMP

Os republicanos estão em sintonia com Trump. "Ele é o líder americano mais importante do século XXI, e isso é pouco", afirmou o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson.

"Na primeira vez, eu tinha que fazer duas coisas: governar o país e sobreviver, eu tinha todos esses caras corruptos", disse Trump em uma entrevista à revista The Atlantic, em referência a assessores e membros do gabinete que ele considerava incompetentes ou desleais em seu primeiro mandato (2017-2021).

"Na segunda vez, eu governo o país e o mundo", acrescentou. "Estou me divertindo muito." Mas esse não é o caso de todos os americanos, abalados pela guerra comercial que ele iniciou, particularmente com a China, sobre a qual impôs taxações de 145%.

O magnata republicano não pode reivindicar o relativo estado de graça que geralmente acompanha os primeiros 100 dias de um presidente.

As pesquisas de opinião são unânimes em apontar uma queda de seu índice de aprovação, alimentada pela inquietação provocada pelas tarifas e seus ataques à ordem institucional. Segundo uma enquete publicada no domingo por Washington Post e ABC News, apenas 39% dos americanos "aprovam" como Donald Trump administra sua presidência.

"As pesquisas mentirosas da mídia também são mentiras. Tudo está indo muito bem, melhor do que nunca", afirmou Trump ontem.

Cercado no atual mandato exclusivamente por fiéis escudeiros, o republicano seguiu, desde 20 de janeiro, todos os seus impulsos em diversos setores: alfândega, política externa e vingança política.

ACERVO E CASA BRANCA

No salão de honra da Casa Branca, ele substituiu um retrato do ex-presidente Barack Obama por um quadro inspirado no atentado do qual foi vítima durante a campanha. No Salão Oval, o presidente acumula peças douradas.

Forçando os limites do poder presidencial, o republicano já assinou mais de 140 decretos. Desafiou o direito à cidadania por nascimento, atacou universidades e escritórios de advocacia, eliminou políticas ambientais, confiou a seu aliado Elon Musk a tarefa de desmantelar a burocracia federal e iniciou uma violenta ofensiva protecionista, antes de uma retratação parcial. Além disso, está em confronto com os juízes que bloquearam vários decretos.

Um total de 64% dos entrevistados acreditam que ele está indo "muito longe" em sua tentativa de ampliar os poderes presidenciais. 

 
 

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