Armas nucleares: EUA e Irã na mesa para negociação após 10 anos
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que iniciará negociações diretas com o Irã no próximo sábado. Anúncio foi feito em Israer

Donald Trump disse nesta segunda-feira, 7, que os EUA iniciarão negociações diretas com o Irã no sábado para discutir o programa nuclear iraniano. Se acontecer, o encontro será o primeiro entre os dois países desde 2015. Trump fez o anúncio ao lado do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, após uma reunião em que os dois discutiram questões comerciais e a guerra em Gaza.
O presidente americano, que em 2018 abandonou o acordo internacional que limitava o programa nuclear do Irã e instituiu uma política de sanções, tem pressionado por um diálogo direto com os iranianos, que até agora exigem que as conversas sejam indiretas. No domingo, Teerã chamou o diálogo de "sem sentido".
Após o anúncio de Trump, o Irã rejeitou de novo qualquer negociação direta com os EUA e afirmou que o diálogo será realizado com mediação de Omã. "As negociações não serão diretas", disse à Reuters um funcionário do alto escalão do governo iraniano, que pediu para não ser identificado.
Chanceler iraniano acredita que conversa não vai prosperar
Segundo o chanceler do Irã, Abbas Araqchi, as negociações diretas não fazem sentido porque os EUA vêm ameaçando usar a força, em vez de diplomacia. "Mas continuamos comprometidos com a diplomacia e estamos prontos para tentar as negociações indiretas", disse Araqchi.
Esta segunda, no entanto, Trump ignorou as declarações do Irã e garantiu que haverá um encontro, segundo ele, "quase do mais alto nível". "Teremos uma reunião muito importante no sábado e negociaremos com eles diretamente", disse o presidente a jornalistas no Salão Oval. "Talvez cheguemos a um acordo, isso seria fantástico. Nos reuniremos no sábado em um encontro muito importante, quase ao mais alto nível."
Trump se recusou a dizer onde será realizada a reunião com o Irã. Ele também não quis revelar se haverá alguma ação militar se o diálogo fracassar, mas fez uma ameaça. "Acho que, se as negociações não forem bem-sucedidas, o Irã estará em grande perigo."
Afastamento dos EUA com o Irã
Desde 2015, quando foi firmado o acordo nuclear, representantes de EUA e Irã não se sentam na mesma sala. Durante a presidência de Joe Biden, uma fracassada tentativa de ressuscitar o acordo, que limitava as atividades nucleares iranianas em troca do alívio das sanções, foi realizada de maneira indireta.
No mês passado, Trump enviou uma carta ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, sugerindo negociações diretas para um novo acordo nuclear, que tem como objetivo evitar a militarização do programa nuclear.
Os iranianos negam ter intenção de construir uma bomba atômica. Na semana passada, Trump elevou o tom, dizendo que se não houver um novo acordo poderia bombardear o Irã.
A pressão teve o efeito contrário. No sábado, o presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, questionou a boa-fé do presidente americano. "Se ele quer mesmo negociar, para que ameaçar?", afirmou.
Sentado ao lado de Trump, Netanyahu permaneceu a maior parte do tempo calado. Ele disse que qualquer acordo nuclear deve seguir o que ele chamou de "Modelo da Líbia", o que significa que o Irã teria de desmontar e enviar para fora do país toda sua infraestrutura nuclear.
A dificuldade é que grande parte do equipamento de enriquecimento atômico da Líbia estava intacta antes de ser entregue aos EUA, em 2003. Já a infraestrutura nuclear do Irã está em operação há décadas e está espalhada por todo o país, grande parte dela em locais subterrâneos a grande profundidade.