China critica EUA por "mentalidade da Guerra Fria" na América Latina, após tensão sobre o Canal do Panamá
Pequim reagiu à retirada do Panamá da Iniciativa do Cinturão e Rota, acusando os EUA de interferência e coerção diplomática

Com informações da AFP
A China reagiu, nesta sexta-feira (7), aos comentários feitos pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, durante sua visita à América Latina. A diplomacia chinesa acusou os EUA de adotar uma "mentalidade da Guerra Fria" e protestou contra as declarações de Rubio, que teriam, segundo Pequim, atacado injustamente a China e semeado discórdia entre a nação asiática e os países da América Latina.
Em comunicado divulgado pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, foi afirmado que os comentários de Rubio "acusam injustamente a China, semeiam discórdia de forma deliberada entre a China e países importantes da América Latina, interferem nos assuntos internos da China e prejudicam os interesses e direitos legítimos da China".
Tensão sobre o Canal do Panamá
Desde que assumiu a presidência dos EUA, Donald Trump tem se mostrado relutante em descartar a possibilidade de utilizar a força para tomar o Canal do Panamá, que foi construído por Washington no século passado e posteriormente entregue ao Panamá.
O estreito corpo de água é responsável por cerca de 40% do tráfego de contêineres dos EUA, além de movimentar 5% do comércio marítimo global, tornando-o estratégico para os interesses norte-americanos.
A mais recente polêmica surgiu no final da visita de uma semana de Rubio à América Central, sua primeira como secretário de Estado.
Durante sua estadia, Rubio ameaçou tomar medidas contra o Panamá caso o país não tomasse providências imediatas para reduzir a influência chinesa sobre o canal.
Panamá deixa Rota da Seda
A situação ganhou outro capítulo com a decisão do Panamá, anunciada nesta quinta-feira, de se retirar da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), o projeto de infraestrutura da China que visa expandir a influência do país em várias partes do mundo.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, confirmou a retirada do país do programa, e Rubio saudou o movimento como um “grande passo à frente” para as relações bilaterais com os Estados Unidos.
Em resposta, a China declarou que "se opõe firmemente aos EUA usando pressão e coerção para difamar e minar a cooperação do Cinturão e Rota".
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, lamentou a decisão do Panamá e pediu ao país da América Central para "resistir às interferências externas" e considerar os "interesses a longo prazo" das duas nações.