Donald Trump: Especialista considera "impraticável" remover todos os imigrantes irregulares dos EUA
O presidente já adotou diversas medidas para combater a imigração ilegal nos Estados Unidos, uma de suas principais promessas de campanha

Empossado presidente dos Estados Unidos na segunda-feira (20), Donald Trump agiu rapidamente para viabilizar, por meio de uma série de decretos, as promessas feitas na campanha, como implementar uma política ostensiva contra a imigração ilegal no país.
Entre as medidas efetivadas estão a declaração de emergência na fronteira com o México, a ampliação da chamada deportação acelerada, que permite expulsões de imigrantes ilegais sem a necessidade de audiência judicial, e o fim do direito à cidadania para filhos de imigrantes ilegais.
Além disso, o Departamento de Segurança Interna (DHS) revogou uma medida do governo Biden, de 2021, que proibia prisões de imigrantes em locais como igrejas, hospitais e escolas.
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal, a advogada especialista em imigração e direito de família nos Estados Unidos Hannah Krispin diz que as pessoas indocumentadas nos EUA “estão muito apreensivas com o que vai acontecer”.
No entanto, ela considera “inviável” o cumprimento da promessa de deportar todos os imigrantes irregulares do país, que somam cerca de 13 milhões de pessoas.
Krispin lembra que durante o primeiro mandato, o republicano também falou que “ia deportar muita gente, o que acabou não acontecendo”. Por ora, a especialista considera que o foco do governo é ir “atrás de pessoas que têm problemas criminais”.
Além disso, a advogada explica que remover todas as pessoas em situação irregular traria grandes impactos econômicos aos EUA, onde imigrantes realizam a maioria dos trabalhos de postos iniciais, chamados de “não qualificados”
Residente de Boston, em Massachusetts, um estado reconhecido por políticas de auxílio a essa população, Krispin diz que remover todas as pessoas que trabalham sem autorização da cidade é “impossível”, pois isso tornaria inviável “comprar um pão ou comprar um café”.
Direito à cidadania americana na mira
A ordem executiva de Trump para impedir a concessão de cidadania a filhos de imigrantes irregulares nascidos nos EUA também visa acabar com o que se chama “turismo de bebê”, que ocorre quando uma mãe com visto de turista, estudante ou trabalho temporário tem o bebê em solo americano.
“Se a criança nascer aqui, o bebê não vai ter direito à cidadania americana, a não ser que o pai daquela criança seja cidadão americano ou já seja um residente permanente”, explica Krispin.
Mas a medida, que deve entrar em vigor em 30 dias, já encontrou resistência em 22 estados da federação, que entraram com uma ação contra o novo governo republicano.
A especialista explica que esse direito é reguardado pela 14ª emenda da Constituição dos EUA, que assegura que uma pessoa nascida em solo americano é cidadã americana.
Além das fronteiras
Com foco nas fronteiras, Trump disse que vai voltar com a política do “Fique no México”, impedindo que pessoas possam pedir asilo no país e impedindo que entrem nos EUA até que se possa conversar com um oficial de imigração.
Mas além do reforço nas bordas, o presidente americano também adotou medidas para aumentar a fiscalização dentro do país.
“Já começou a falar que eles vão atrás dos que têm problemas criminais, eles vão atrás também de empresas para verificar se elas estão empregando pessoas sem autorização de trabalho emitida pela imigração”, afirma Krispin.
Mas a advogada ressalta que o objetivo de remover todos os imigrantes irregulares do país é "impraticável". "Em termos práticos, isso é algo muito difícil de se conseguir", conclui.
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