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Francisco o papa da Esperança

Papa Francisco homem generoso, um líder que não perdia tempo em propagar a esperança uma virtude teologal que transmite segurança, confiança

Por JC Publicado em 27/04/2025 às 0:00


PADRE BIU DE ARRUDA

Depois de um apostolado tão fecundo, o mundo se despede do Papa Francisco. O Papa que viveu com intensidade a missão apostólica; por isso, falar sobre ele é fácil e ao mesmo tempo difícil, uma vez que foi um pastor plural; uma verdadeira primavera na Igreja. Homem de generosidade ímpar, de carisma inconfundível, de humildade genuína, sem nenhum teatro, do jeito dele. Nada melhor do que partilhar, com os leitores, alguns gestos largos e inconfundíveis do nosso querido Papa Francisco, tendo como marca forte, espalhar a esperança. Um líder que não perdia tempo em propagar a esperança. Essa virtude teologal que transmite segurança, confiança. Afinal, “a esperança não decepciona”, como dizia Paulo de Tarso (Rm, 5,5). Onde estivesse e aonde fosse, fazia da esperança uma companheira inseparável.


O Papa Francisco foi inédito. Não copiou ninguém. Era Francisco por Francisco. Desde que se apresentou como o bispo de Roma, depois da eleição, sempre usou a mesma cruz peitoral e o anel do pescador de prata. Simples, tão quanto ele. O despojamento era total. A simplicidade fazia parte das suas ações e gestos, abraçando e se aproximando de todos, principalmente, dos mais humildes; aqueles que estão à margem do caminho, tendo o sofrimento como companhia. Foi um semeador de esperança.


Um líder espiritual que carregava nas orações todos os filhos de Deus, independente de credo religioso. Era um aglutinador, um incansável anunciador do ecumenismo e diálogo interreligioso. Um vigoroso proclamador da paz. Não apenas rezava, mas ia ao encontro dos mais fracos, a começar pelos sofridos imigrantes. Usou de todos os meios possíveis para estancar a guerra. Inclusive, ofereceu o Estado do Vaticano para um encontro fraterno entre a Rússia e a Ucrânia. Não conseguiu o encontro, mas semeou a esperança.


O Papa sempre voltava o olhar misericordioso para a parte periférica. Sabia como ninguém o sofrimento de quem não tinha o necessário para viver dignamente. Antes de ser Papa, já exercia a caridade abundante na Argentina, com os sofredores de rua, distribuindo remédios e alimentos. No Vaticano, incomodava a segurança, uma vez que saía para visitar alguns pobres na periferia de Roma. Em relação à hierarquia eclesiástica, nomeou cardeais de lugarejos sem visibilidade alguma. Um verdadeiro divisor de água e incômodo para alguns. Não perdia tempo em anunciar a esperança.
Um defensor enérgico do meio ambiente. Afinal, é “a nossa casa comum”, nas palavras dele. Tentou acabar com o carreirismo clerical, como também os gastos na Cúria Roma. Foi duro em relação ao escândalo financeiro no Banco do Vaticano. Em relação à pedofilia, tolerância zero. Renunciou ao Palácio Apostólico para levar uma vida simples com seus colaboradores diretos. Recorria sempre ao bandejão, sentindo-se assim, humano com os humanos e sempre semeando a esperança.


Com um gesto inédito, comoveu o mundo em ajoelhar-se e beijar os pés de líderes do Sudão. Tudo feito em nome da paz e da esperança. Ainda que cansado por causa da idade e saúde frágil, não mensurava esforços para ver a união dos povos que viviam dominados pelo clima de beligerância. Enfrentou “guerra” interna quando abriu espaço para uma mulher no governo de um dicastério. Não suportava a opulência de alguns eclesiásticos. Foi duro com a Cúria Roma. Abriu as pontas da Igreja sem medo de nada. Por isso, foi um semeador de esperança.


Por onde passava, deixava o sinal da ternura. Foi um irmão entre os irmãos. Com o seu sorriso largo e natural, contagiava todo o ambiente. Sempre servia com propósito. Escutava com empatia. Não liderava com a coercibilidade, mas com o coração. Por isso, o mundo chora a morte do Papa Francisco. Homem bom e justo que partiu para a morada eterna. Afinal, a morte é um desabrochar para a eternidade. Foi ao encontro do outro Francisco, aquele de Assis, deixando o seu legado como exemplo. Partiu em paz, na Páscoa, o semeador de esperança, para os braços do Pai.
Padre Biu de Arruda é pároco da Paróquia de Santa Luzia, da Arquidiocese de Olinda E RecifeAOR

 

 

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