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Páscoa - ressurreição e renovação

O vocábulo Páscoa, pessach, em hebraico, historicamente significa passagem: episódio marcante em que se comemora a libertação do povo judeu

Por JC Publicado em 20/04/2025 às 0:00

JOSÉ EDSON F. MENDONÇA

O vocábulo Páscoa, pessach, em hebraico, de origem judaica, historicamente significa passagem: episódio marcante em que se comemora a libertação do povo judeu, do jugo egípcio, sob a égide de Moisés, o grande legislador hebreu.


A árdua, difícil, complexa e providencial tarefa desse notável enviado de Deus era fomentar o preparo daquele povo rude, pela disciplina e pela justiça, para a vinda do Messias prometido. Naquela jornada épica, que durou quarenta anos, ele recebe do Pai, as “Tábuas da Lei”, no monte Sinai, as quais consubstanciam a primeira revelação da Lei de Deus. Aquela passagem representa a vitória da escravidão para a liberdade daquela raça.


Mais de um mil e duzentos anos depois, esse memorável acontecimento seria evocado por Jesus, o Missionário Divino do Amor, como protagonista da segunda revelação de Deus, constituindo o Novo Testamento, como o maior legado do Pai para os cristãos.


O nosso Mestre e Enviado Maior escolheu justamente o período pascal para reafirmar a Sua excelsa missão, culminando com a Sua submissão exemplar à condenação, execração, martírio e morte na cruz, coroando-a com a Sua ressurreição, em corpo espiritual. Com Jesus, a ressurreição (ou anastase) se torna uma prova positiva e contundente da continuidade da vida após a morte do corpo físico.
Ademais, esse sublime evento cristão propicia tempo de renovação espiritual da fé raciocinada oportunizando importantes momentos de reflexão e renovação do homem na ansiada busca de conexão mais profunda com a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas e da melhoria da nossa essência divina.


Outrossim, o Mestre maior, após a morte, passou cerca de 40 dias entre os apóstolos, ressignificando a Páscoa como testemunho verdadeiro da vida futura - ponto central de Seus ensinamentos -, patenteando assim, a imortalidade do homem na dimensão espiritual.


É oportuno acrescentar que, pelas próprias palavras do Cristo, amparadas nas Leis morais de Causa e Efeito e do Progresso, o Messias não sofreu e Se deixou crucificar para nos salvar: o Seu martírio não foi para nos libertar de pecados - nossos erros e falhas morais, que compete única e exclusivamente a cada um de nós. Ele veio ao mundo mostrar o verdadeiro caminho da vida imortal, árduo, exige muito aprendizado e esforço próprios e, por decreto divino, terá de ser construído e reconstruído por cada filho de Deus, travando luta constante e persistente para edificar o “Reino dos Céus” em seu coração. Nesse contexto, há a citação direta do Mestre maior: “Porque o Filho do homem, há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um, segundo as suas obras” (Mt, 16:27).

Já, Allan Kardec, na obra o “Céu e o Inferno, ou a Justiça divina segundo o Espiritismo”, Cap. III: 7, a reforça e detalha: “O progresso, entre os Espíritos, é fruto de seu próprio trabalho; mas, como eles são livres, obram em seu próprio avanço, com mais ou menos atividade, ou negligência, segundo a sua vontade ... São, portanto, os próprios artífices de sua situação feliz ou infeliz, segundo esta máxima do Cristo: A cada um segundo suas obras”.


Compete, pois, a cada ser humano, trabalhar com afinco por sua evolução (e felicidade), com muito trabalho, esforço, dedicação e muito amor a Deus, a si e ao próximo, passo a passo, lágrima a lágrima, vitória a vitória, em encarnações sucessivas, alternando experiências - ora aqui, ou em outro orbe material, ora no plano espiritual -, tantas vezes quantas forem necessárias.


Portanto, conscientes de tudo isso, que possamos efetivamente aproveitar bem esse singular período pascal como mais uma excelente oportunidade de renovar atitudes, aplicando a nós, com humildade, determinação e coragem, a passagem da transformação dos vícios morais em virtudes.

José Edson F. Mendonça presta colaboração ao movimento espírita, como palestrante, escritor e membro do Instituto Espírita Gabriel Delanne, rua São Caetano, 220, Campo Grande - Recife/PE

 

 

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