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O tempo Quaresmal

O fiel cristão católico vivencia, meditando a Via-Sacra, os momentos fortes da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo e a condenação à morte.

Por JC Publicado em 30/03/2025 às 0:00


PADRE BIU DE ARRUDA


Caríssimo leitor, o período quaresmal é de uma riqueza espiritual extraordinária, uma vez que é o tempo oportuno para intensificar a prática da penitência, do jejum e da caridade, acontecendo assim, nesse clima de crescimento interior, a preparação para a celebração da Páscoa.

Logo, entende-se Quaresma como um período de 40 dias, a partir da Quarta-feira de Cinzas, encerrando-se com o Domingos de Ramos; lembrando assim, a caminhada do povo de Deus deserto adentro. O tempo quaresmal é propício para a prática dos exercícios espirituais e também para a meditação da Via-Sacra. Sem esquecer que, a celebração quaresmal tem início nos primeiros séculos da era cristã.

O fiel cristão católico vivencia, meditando a Via-Sacra, os momentos fortes da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. A condenação à morte. O Cristo que carrega a cruz, caindo com o peso dela. Vive-se o momento forte do encontro de Maria e Jesus.

Em outro momento, carregando a pesada cruz, Jesus recebe ajuda do Cireneu. A vivência das quedas de Jesus, como também o apoio de Verônica, que enxuga as lágrimas de Cristo, diante de alguns verdugos. Em síntese, celebrar a Via-Sacra é viver os mistérios da nossa fé: paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso que o tempo quaresmal é de uma riqueza espiritual quase inesgotável.

A Igreja nos convida às práticas que elevam o espírito humano. Meios eficazes para uma maior aproximação com Deus, dando destaque para a oração, o jejum e a caridade/esmola. Sobre essas práticas tão antigas, São Pedro Crisólogo, bispo, assim nos lembra: “o que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. O jejum é a alma da oração e a misericórdia dá a vida ao jejum. São práticas inseparáveis”. Continua o bispo: “quem jejua pense no sentido do jejum. Seja sensível à fome dos outros, quem deseja Deus seja sensível à sua misericordiosa ...” (sermão 43).

É justamente no período quaresmal que vemos tantas ações caritativas. A começar pela prática da esmola. Na Bíblia, esmola é a ação de dar aos outros sem esperar nada em troca, em uma atitude de compaixão. É um tema que aparece com frequência nas Escrituras Sagradas.


Dar esmola é imitar a Deus na criação e a Jesus Cristo na Redenção. É uma forma de nos aproximar de Deus e confiar nEle. É um meio de amar os outros como Deus nos ama.


Há tantas passagens bíblicas que falam sobre a esmola. Senão vejamos: "Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê em segredo, te recompensará”. (Mt 6, 3-4). "Vendam o que têm e deem aos que estão em necessidade. Isto aumentará seus tesouros no céu, onde não há ladrão para roubar, nem traça para destruir” (Lc 12,33). Continua o autor bíblico: "Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus" (Mt 6,1).


Há outras ações de cunho caritativo que acontecem no período quaresmal. Por exemplo, no Brasil, há anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil propõe uma reflexão conjunta acerca de um tema pertinente.


Este ano a Igreja nos convida a uma ponderação acerca da responsabilidade em relação à casa comum, isto é, o cuidado com o planeta. Estamos “trabalhando” a temática da Fraternidade e Ecologia Integral e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Um convite primoroso que a Igreja faz a todos, indistintamente, para uma conscientização de que somos responsáveis pela natureza, isto é, a criação divina.

Em consideração última, cada cristão é convidado a meditar um pouco na prática das três grandes ações vividas com intensidade no período da Quaresma, isto é, a oração, vínculo que liga a criatura ao Criador. O jejum que faz pensar um pouco em quem é privado do alimento básico para o sustento humano e a caridade que é o estender a mão para socorrer os mais necessitados. Tudo feito no silêncio interior. Uma boa Quaresma a todos!

Pe. Biu de Arruda é da Arquidiocese de Olinda e Recife e pároco da Paróquia de Santa Luzia na Estância

 

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