Caminho de Esperança: O Jubileu de 2025

A ideia de ser "Peregrinos da Esperança" está enraizada na espiritualidade cristã e a vida humana é frequentemente comparada a uma peregrinação

Publicado em 09/02/2025 às 0:00
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PEDRO FERREIRA DE LIMA FILHO

O Jubileu Santo de 2025, com o tema “Peregrinos da Esperança”, convocado pelo Papa Francisco em 24 de dezembro de 2024, é um convite especial à renovação espiritual. Inspirado nos princípios bíblicos, o jubileu é um tempo de perdão, reconciliação e restauração, proporcionando aos fiéis a oportunidade de recomeçar sua caminhada com Deus. Como nos ensina o profeta Isaías: “Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão” (Isaías 40,31).

A ideia de ser “Peregrinos da Esperança” está profundamente enraizada na espiritualidade cristã. A vida humana é frequentemente comparada a uma peregrinação, uma jornada em direção à plenitude no Reino de Deus. O apóstolo Paulo nos lembra: “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que não se veem; porque as que se veem são temporais, e as que não se veem são eternas” (2 Coríntios 4,18). Em 2025, os cristãos são chamados a manter o olhar fixo na eternidade, carregando no coração a chama da esperança que vem de Cristo.

No Antigo Testamento, a caminhada do povo de Israel pelo deserto em busca da Terra Prometida é apresentada como exemplo de peregrinação. Essa jornada simboliza confiança no cuidado de Deus, mesmo em meio às dificuldades. Como está escrito: “O Senhor é quem vai adiante de ti; Ele estará contigo, não te deixará, nem te desamparará. Não temas, nem te espantes” (Deuteronômio 31,8). Da mesma forma, os cristãos enfrentam hoje os “desertos” da vida moderna, marcados por incertezas sociais, crises ambientais, conflitos morais e desafios globais, mas encontram em Cristo sua força e guia.

O Jubileu de 2025 também é um apelo ao perdão e à misericórdia. Jesus declarou: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mateus 5,7). Em um mundo dividido por tensões, desigualdades e conflitos, o Papa Francisco reforça a necessidade de restaurar as relações com Deus e com o próximo, fazendo do perdão um caminho de cura e reconciliação.

Essa celebração não se limita à liturgia; é também um convite à ação concreta. Como ensina a Carta de Tiago: “A fé sem obras é morta” (Tiago 2,26). Ser “Peregrino da Esperança” significa viver a fé de forma ativa, acolhendo os marginalizados, alimentando os famintos, cuidando dos doentes, promovendo a justiça social e defendendo a paz. Cristo, que caminhou ao lado dos esquecidos e deu esperança aos desamparados, continua sendo o modelo a ser seguido.

Além disso, o Jubileu é uma oportunidade de renovação interior. A peregrinação, mais do que um deslocamento físico, é uma jornada espiritual. O salmista proclama: “Bem-aventurados os que têm o coração em Deus, os que, ao passarem pelo vale árido, fazem dele um lugar de fontes” (Salmos 84,5-6). Assim, cada cristão é chamado a transformar sua vida em um testemunho vivo de fé e esperança.

Em tempos marcados pela globalização e pelo individualismo, o Jubileu de 2025 convida os cristãos a redescobrir a fraternidade e a solidariedade que estão no coração da mensagem cristã. O Papa Francisco nos recorda: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18,20). Essa promessa é um lembrete de que, unidos, os fiéis podem ser sinais de esperança em um mundo que anseia por amor, justiça e um compromisso com a paz e a sustentabilidade.

Ao final dessa peregrinação, espera-se que os cristãos permaneçam firmes e unidos, conscientes de que a mensagem central do Jubileu é clara: “Permaneçam firmes na esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel” (Hebreus 10,23). O Jubileu Santo de 2025 não é apenas um evento celebrativo, mas uma oportunidade de transformação pessoal e comunitária. Ele chama os fiéis a serem luz no mundo, traduzindo a esperança que brota do coração de Cristo em ações concretas que fazem florescer o Reino de Deus entre nós.

Professor Pedro Ferreira de Lima Filho é articulista, filósofo, pedagogo, teólogo - E-mail: filho9@icloud.com

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