O Caminho de Emaús: Encontro, Transformação e Missão

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Publicado em 14/04/2024 às 0:00
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PEDRO FERREIRA DE LIMA FILHO

Na narrativa bíblica dos discípulos de Emaús, encontramos a profunda experiência da presença de Jesus que arde nos corações daqueles que O encontram no caminho. Como relatado nos escritos de São Lucas: “Não nos ardia o coração quando Ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).

A presença viva de Jesus não apenas aqueceu os corações dos discípulos na estrada para Emaús, mas também continua a inflamar os corações dos crentes diuturnamente. Sua ressurreição não é apenas um evento do passado, mas uma realidade presente que ecoa por meio dos tempos, aquecendo nossos corações com esperança e amor. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que a ressurreição de Jesus é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança (CIC 651).

Contudo, é essencial questionarmos como essa chama está queimando em nossos corações após a ressurreição de Cristo. Estamos essencialmente permitindo que essa presença transforme nossa vida e nossa maneira de interagir com o mundo ao nosso redor? O encontro com Jesus não pode deixar nossos corações indiferentes; deve nos levar a uma mudança radical de vida e a uma missão de amor e serviço.
Olhando para a realidade ao nosso redor, vemos inúmeras situações de sofrimento e marginalização. Os mais pobres, doentes, invisíveis, presos, esquecidos da sociedade, gays, lésbicas, marginalizados, autistas, entre outros, clamam por justiça, compaixão e solidariedade. É aqui que a presença de Jesus ressuscitado nos desafia a agir, seguindo Seu exemplo de amor incondicional e serviço aos mais necessitados.
O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que Jesus identificou-se com os mais pobres e necessitados, ensinando-nos que “tudo o que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmãos é a mim que o fazeis” (Mt 25, 40). Portanto, a maneira como tratamos os marginalizados e vulneráveis reflete nossa resposta ao amor de Cristo ressuscitado em nossas vidas (CIC 2447).

Diante dessa realidade, somos desafiados a nos perguntar: 1) Verdadeiramente estamos transformando a realidade ao nosso redor com o amor e a justiça do Evangelho? 2) Estamos nos comprometendo com a construção de um mundo mais justo, solidário e inclusivo, onde todos são reconhecidos como filhos amados de Deus?

À luz dessas perguntas ecoem em nossos corações, nos impulsionando a agir com compaixão e coragem, seguindo os passos do Mestre. Que a presença viva de Jesus ressuscitado continue a arder em nós, inspirando-nos a sermos agentes de transformação e esperança em um mundo que tanto necessita. E que possamos, como os discípulos de Emaús, suplicar diariamente: “Fica conosco, Senhor, pois já é tarde” (Lc 24 29), reconhecendo que é na Sua presença que encontramos a verdadeira luz e vida.
Além disso, é importante lembrar que a história dos discípulos de Emaús não termina com seu encontro com Jesus ao longo do caminho. Após reconhecê-Lo na fração do pão, eles imediatamente retornam a Jerusalém para compartilhar a boa nova com os outros discípulos (Lc 24,33-35). Essa missão de testemunho e evangelização é uma parte essencial de nossa vocação como cristãos ressuscitados.

Assim como os discípulos foram enviados de volta ao mundo para proclamar a ressurreição de Jesus, também nós somos chamados a ser testemunhas vivas do poder transformador do Evangelho (Mt 28,19-20). Isso significa não apenas viver de acordo com os ensinamentos de Cristo em nossas vidas cotidianas, mas também compartilhar essa mensagem de esperança e redenção com todos os que encontramos.
O Catecismo da Igreja Católica, § 905 recorda que os discípulos missionários devem compreender que “a missão de anunciar o Evangelho não é uma tarefa fácil, mas é uma que devemos abraçar com alegria e determinação”. Devemos estar dispostos a sair de nossa zona de conforto e a enfrentar os desafios e adversidades que encontramos ao longo do caminho. No entanto, podemos ter confiança de que não estamos sozinhos nesta missão, pois o próprio Jesus prometeu estar conosco todos os dias, até o fim dos tempos (Mt 28,20).

Portanto, que possamos responder ao chamado de Jesus com fé e coragem, confiando na Sua graça e no Seu poder para nos capacitar a cumprir a missão que Ele nos confiou. Que possamos ser luz do mundo e sal da terra, levando o amor e a misericórdia de Cristo a todos os cantos da terra (Mt 5,13-16). E que, ao fazê-lo, possamos cumprir o grande mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos (Mt 22,37-39).

A história dos discípulos de Emaús nos lembra da importância vital de nosso papel como mensageiros do Evangelho. Ao testemunharmos a ressurreição de Jesus em nossas vidas e compartilharmos essa verdade transformadora com o mundo, estamos respondendo ao chamado mais profundo de nossa fé.
Finalmente, possamos abraçar com zelo e dedicação a missão de proclamar o amor redentor de Cristo, confiando na promessa de Sua presença constante e na capacitação de Seu Espírito Santo. Que nossas vidas sejam testemunhas vivas da esperança que encontramos Nele, e que nossa dedicação e comunhão com o Cristo Ressuscitado nos conduza a uma conexão mais profunda com Deus e ao serviço abnegado de nossos irmãos e irmãs em todo o mundo.

Prof. Dr. Pedro Ferreira de Lima Filho é Articulista, Assessor Executivo, Colunista Especial, Correspondente Jurídico, Polímata, Servidor Público Concursado de Carreira, Leitor Crítico, Filósofo, Pedagogo, Teólogo, Especialista em Educação Especial e Inclusiva, Pós-graduado em Ensino Religioso, Mestre em Bíblia, Doutor em Teologia e Professor Universitário nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação no Brasil e no Exterior. E-mail: filho9@icloud.com

 

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