Kardec e a Doutrina Espírita
UBIRAJARA EMANUEL TAVARES DE MELO
Tinha poucos dias de nascido quando minha mãe, que era médium na venerável instituição Núcleo Espírita Investigadores da Luz, me levou à presença da médium Niná, presidente da instituição já mencionada na época, para que o seu espírito orientador, Jurupitã, indicasse um nome para o seu filho recém-nascido. Logo em seguida, o espírito indicou o nome Ubirajara Emanuel. Desde a primeira infância frequentei aulas de evangelização infantil, continuando na mocidade. Já adulto, integrei à diretoria da instituição, chegando a ser eleito presidente por dois mandatos, época em que recebi, com muita felicidade, a visita do grande orador espírita, Divaldo Pereira Franco, que realizou uma inesquecível palestra.
Conto estes fatos para explicitar que, dos meus 84 anos de vida, em grande parte deles convivi com estudos sobre o mundo espiritual num ambiente sério e de responsabilidade. Durante todo este período, realizei diversos estudos e participei de congressos e cursos, nacionais e internacionais, sobre a doutrina introduzida no mundo em 18 de abril de 1857, em Paris, quando da publicação do primeiro livro da codificação espírita, sob o nome de “O Livro dos Espíritos”, escrito por Alan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, que além de revolucionar o mundo cultural na época, provocou grandes cientistas que começaram a pesquisar seriamente a verdade sobre a relação entre o mundo espiritual e o material, e se havia de fato a mediunidade que possibilitava a comunicação entre os mundos.
Neste Natal, recebi com grande alegria, do meu neto João, o livro “Kardec”, escrito por Marcel Souto Maior, editado pela editora Record, onde narra em detalhes e com depoimentos de vários cientistas da época, os fatos conhecidos como mesas girantes, onde se iniciaram os estudos sobre a comunicação dos espíritos com o mundo material. Tais depoimentos deixam evidenciar claramente não somente que aqueles fatos narrados eram verdadeiros, mas, sobretudo, que havia a comunicação deste mundo para o outro e vice-versa.
Na atualidade, a doutrina espírita tem encontrado respaldo na física quântica, especialmente em trabalhos como o do cientista, pesquisador e professor da Universidade do Oregon, Amit Goswami, autor da obra “A Física da Alma” editado pela Aleph, onde o autor esclarece a vida espiritual através de estudos guiados pela física quântica. O autor destina o 7º capítulo de sua obra para a explicar o que é a “mônoda quântica”, afirmando: “Vejo-me pensando cada vez mais em algum lugar em corpo não físico, intermediário, que atua como portador destes atributos, entre uma vida e outra”.
Outra autoridade sobre o assunto, Ian Stevenson, também cientista, escreveu a obra “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”, onde examina, através de terapias de regressão de memória e posterior visita aos locais mencionados pelos depoentes, possíveis casos de reencarnação, chegando a comprovar 20 destes casos estudados.
Ademais, é importante salientar que não apenas vemos o interesse do estudo do assunto na ciência, mas também na literatura universal, notáveis autores como Giordano Bruno, Schopenhauer, Lessing, Hegel, Leibnitz, Herder e Fichte, bem como os sistemas antropológicos de Kant, Schelling, Henry More, Cudworth, Hume e Andre Pezzani, os quais tem com o estudo da doutrina da reencarnação muitos pontos de contato e defendem a existência da mesma.
Finalmente, para aqueles que se debruçarem sobre o estudo das milenares religiões, especialmente o hinduísmo e o budismo, que há milhares de anos tratam sobre a reencarnação, vão saber que os fatos defendidos pelo espiritismo já foram há tempos comprovados, demonstrando que não existe só uma vida e que Deus nos concede outras oportunidades através da reencarnação.
Ubirajara Emanuel Tavares de Melo é advogado e membro do Núcleo Espirita Investigadores da Luz. ubirajara@advtm.com.br