Reencarnação nas religiões e na história da civilização

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Publicado em 10/12/2023 às 0:00
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UBIRAJARA EMANUEL TAVARES DE MELO

Nada obstante ter sido a doutrina espírita que demonstrou a evidência da existência da reencarnação, quando da divulgação de sua codificação iniciada em 18 de abril de 1857, quem se debruçar sobre a história da civilização constatará facilmente que a doutrina da reencarnação existe há 3.500 anos.
Historicamente a expressão REENCARNAÇÃO etimologicamente quer dizer reassumir o espírito a forma material. Tornar a encarnar, viver outra vida em outro corpo.
Na magistral obra editada pela editora Vozes, sob o título “LÉXICO DAS RELIGIÕES”, escrito por Franz Konig, publicado em 1998, às fls. 458 a 463, encontramos o mais completo histórico que comprova a existência milenar da doutrina da reencarnação, especialmente no Hinduísmo e no Budismo. No Hinduísmo a reencarnação (punarjanman) não faz parte das crenças dos arianos (arias). Somente no Sapatha Brahmana, nos Upanixades, no Código de Leis de Manu e nos Puranas, portanto, no período védico tardio, se elaborou a doutrina da reencarnação em correlação com a teoria do carma. O Budismo se baseia na análise do sofrimento e ali então a reencarnação expressa tanto o sofrimento como também representa a chance de superá-lo. O desejo (sede) por ser e vir a ser (em sânscrito, trsna; em páli tanha) faz com que surja constantemente novo carma, o que desencadeia os impulsos que levam à reencarnação.
O próprio Buda é considerado como o Perfeito que pôde ingressar depois de muitas reencarnações através de uma ascensão espiritual contínua, por fim no nirvana. As histórias Jataka contam lendas sobre suas reencarnações anteriores. Para o Budismo vida e morte se repetem formando um ciclo eterno. A alma recebe o nome de essência da vida e vem a cada existência em busca do aperfeiçoamento.
Visto que só uma pessoa perfeita poderia ter lembrança de todas as suas reencarnações anteriores. Pitágoras (por volta de 600 a.C.) representa a fonte mais antiga de uma doutrina estruturada sobre a reencarnação. Supõe-se que Platão face a injusta condenação à morte de seu mestre Sócrates tenha levado a defender a necessidade de uma justiça compensadora. Sua doutrina de reencarnação está esboçada em “Górgias”, fundamentada em “Mênon” a doutrina da anamnese e se desenvolve plenamente em “Fédon”. Orígenes um dos patriarcas do cristianismo, apregoava em suas obras a existência da reencarnação pelo que o Sínodo de Constantinopla em 543 d.C e o quinto Concílio Geral em 553 d.C, na mesma cidade condenaram Orígenes pelas suas ideias e reflexões sobre a doutrina da reencarnação, da mesma forma os Cátaros pregavam a doutrina da reencarnação, pelo que foram extirpados.
No catolicismo, os católicos não acreditam em reencarnação, mas sim, na ressurreição da alma. Ou seja, depois da morte, Deus julga o espírito e o manda para o inferno, purgatório ou céu. Do inferno e do céu ele não sairá jamais.
Entre os evangélicos há várias correntes evangélicas, mas todas partem do mesmo princípio: reencarnação não existe. Para elas a salvação está em ter Cristo no coração. Quem for bom em sua vida terrena ganhará o céu para sempre. Os maus arderão no inferno eternamente. Não há uma segunda chance
Este pequeno espaço não permite mais citações sobre o assunto, contudo, a doutrina espírita nos ensina que Deus nos oportuniza outra vez papel e lápis para escrever um novo roteiro e faz isso anestesiando parcialmente nossa consciência a fim de que não nos lembremos quão egoístas fomos e de quanto mal causamos em outras vidas.

Ubirajara Emanuel Tavares de Melo, é advogado e membro do Nucleo Espírita Investigadores da Luz -NEIL

 

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