O mal e o remédio
JOSÉ EDSON F. MENDONÇA
Com um olhar de grande perspicácia e sabedoria, Santo Agostinho, um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo, nos propõe em tom de manifesto, elucidativo e extremamente provocativo, uma série de questionamentos diretos ensejando reflexões que nos convidam a proceder a uma rigorosa autoanálise da vida.
Sua linguagem incisiva objetiva que despertemos, consideremos seriamente e respondamos intimamente sobre como vimos nos posicionando diante das experiências e desafios vivenciados nessa existência na Terra: - esse lugar de gozo - paraíso de delícias?... onde haverá prantos e ranger de dentes para os que nascerem nesse vale de dores.
De forma contundente, verbera nesse mesmo diapasão enfático e inquiridor que devemos esperar todos nós mortais, causticantes lágrimas e amargo sofrer e orienta que, por mais agudas e profundas sejam as nossas dores, volvamos o olhar para o Céu e bendigamos o Senhor por ter querido experimentar-nos. - Será que somente reconheceremos o poder do Criador quando Ele nos haja curado as chagas do corpo e coroado de beatitudes e ventura os nossos dias?
Prossegue com suas advertências e chamamentos, inquirindo de forma decisiva, até quando os nossos olhares se deterão nos horizontes que a morte limita, e, quando, afinal, nossa alma se decidirá a lançar-se para além dos limites de um túmulo?
Finaliza, o grande Santo, sentenciando positivamente sobre qual remédio prescrever aos atacados de obsessões crúeis e de cruciantes males? E, ele próprio, afirma: - só um é infalível: a fé, o apelo ao Céu ... a fé é o remédio seguro do sofrimento, por nos mostrar sempre os horizontes do infinito diante dos quais se esvaem os poucos dias brumosos do presente; aduz, enfático: - não nos pergunteis, portanto, qual o remédio para curar tal úlcera, ou tal chaga, para tal tentação ou tal prova. Lembrai-vos de que aquele que tem fé é forte pelo remédio da fé e o que duvida um instante de sua eficácia é imediatamente punido, porque logo sente as pungitivas angústias das aflições. 25
Destarte, oportuno se faz perquirir: por que o Pai permite o mal? O Espiritismo nos ensina que, estando o mal na natureza das coisas, Deus deixa que o homem escolha livremente o caminho, de forma a experienciar o bem e o mal, inclusive, que o mal pode chegar ao excesso justamente para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas.
Então, tendo o homem que enfrentar as adversidades do mal, como vencê-lo alavancando o seu progresso como objetivo primeiro? Providencialmente, ao lado do mal, coloca o nosso amoroso Pai Criador, um remédio infalível para erradicá-lo: a fé.
Finalmente, a fé: como entendê-la e vivenciá-la? Fé significa fidelidade: fidelidade a Deus. Fidelidade aos propósitos da nossa missão; entrega, sintonia, confiança na justiça perfeita do Pai; certeza plena na vida futura. Portanto, que possamos vivenciar conscientemente a fé raciocinada como âncora em todas as circunstâncias.
José Edson F. Mendonça presta colaboração ao movimento espírita, como palestrante, escritor e membro do Instituto Espírita Gabriel Delanne, rua São Caetano, 220, Campo Grande - Recife/PE