REVERENDO MIGUEL COX
“Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? — diz o Senhor; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel” (Jeremias 18:6)
Já trabalhei em oficina de restauração total de carros antigos. Nesse processo, todo o carro é desmontado, a lataria desmembrada e as peças reconstituídas ou reparadas separadamente. Após o serviço de lataria vem o aparelhamento para a pintura onde se usa lixas finas sobre as demãos de tintas de aparelho. Quando se chega ao ponto de não mais se ver defeito, inicia-se a pintura seguida da camada de verniz. Depois disso, o polimento final. O carro, então, é remontado com todas as demais peças devidamente recuperadas, incluindo o motor. Nesse procedimento todo, busca-se manter ao máximo a originalidade do veículo a fim de se preservar a sua autenticidade. Este é um resumo curtíssimo, visto que o processo é longo e repleto de detalhes. O resultado final é impressionante, é como o carro ter saído de fábrica, às vezes até melhor!
Deus só trabalha com pessoas restauradas. Não existe “carro novo de fábrica” para Deus. A analogia expressa uma realidade incontestável, Jesus disse que “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5:31,32). Os justos, eram aqueles que se gabavam de seu corretismo social, mas não enxergavam a enfermidade em seus corações. Eram doentes que se recusavam tratar-se por se considerarem sãos! Eram como juízes corruptos condenando a corrupção alheia. Sabe quando um doido não admite ser doido e recusa-se tratar-se? Este é o caso.
Assim são os seres humanos, cheios de deformidades, mas não as enxergam. Vê os defeitos dos outros, mas não enxerga os seus. A trave do seu olho não o incomoda tanto quanto o pequeno argueiro que observa no seu próximo (Mateus 7:3). Estas pessoas precisam ser restauradas, mas se recusam admitir, e insistem observar os erros dos outros. Jamais se tratam. A consciência cauterizada, insensível, é mais grave do que os pecados que veem no próximo. No entanto, os pecadores que se arrependem, desfrutam da restauração divina e se tornam os grandes exemplos dignos de serem imitados.
Aconteceu deste modo com Moisés, Davi, o rei Manassés, os Apóstolos de Cristo, Paulo, Sto. Agostinho, Maria Madalena e outras mulheres sem nomes registrados, e outros milhares de seguidores de Cristo que foram restaurados na oficina do Senhor, para serem usados poderosamente pelo Senhor. Este, sim, é o poder do Evangelho de Jesus que restaura pecadores mundanos ou religiosos em verdadeiros santos moldados pelo próprio Criador. Somos como obras de arte restauradas sem maquiagem à perfeição que somente Deus pode realizar.
“Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro”? Ninguém é descartado, jogado fora, quando o restaurador é o Senhor. É Ele que traz Vida Abundante a um “Vale de Ossos Secos” na visão do profeta Ezequiel (37:4-6): “Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis. Porei tendões sobre vós, farei crescer carne sobre vós, sobre vós estenderei pele e porei em vós o espírito, e vivereis. E sabereis que eu sou o Senhor”.
Não existe vasos permanentemente quebrados na Casa do Senhor, todos foram restaurados à completa perfeição! “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”.
Miguel Cox é mestre em Teologia e pastor evangélico
