OSGLAY IZÍDIO DA SILVA
Em abril de 1957, no Centro Espírita Perdão e Caridade, na cidade de Lisboa (Portugal), O Sr. Herculano Pires, em homenagem ao centenário da obra base da Doutrina Espírita, “O livro dos Espíritos” de Allan Kardec, conduziu os presentes às reflexões que nos chegam hoje na forma textual. O centenário naquele momento era da obra já citada, mas é para o livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, também de Allan Kardec, que as seguintes palavras, proferidas pelo Sr. Herculano Pires e aqui transcritas parcialmente, apontam: “Quando o mundo se preparava para sair do caos das civilizações primitivas, apareceu Moisés, como o condutor de um povo destinado a traçar as linhas de um novo mundo: e de suas mãos surgiu a Bíblia... primeira codificação do novo ciclo de revelações ... quando a influência bíblica já havia modelado um povo, ..., apareceu Jesus; e das suas palavras, recolhidas pelos discípulos, surgiu o Evangelho. A Bíblia é a codificação da primeira revelação cristã, ..., O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã, a que brilha no centro da tríade dessas revelações, tendo na figura do Cristo o sol que ilumina as duas outras, que lança a sua luz sobre o passado e o futuro, estabelecendo entre ambos a conexão necessária. Mas assim como, na Bíblia, já se anunciava o Evangelho, também neste aparecia a predição de um novo código, ... E o novo código surgiu pelas mãos de Allan Kardec, sob a orientação do Espírito de Verdade.”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, lançado em 15 de abril de 1864 em Paris - França, desdobra o ensino moral do Cristo e registra na sua introdução: “Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É terreno onde todos os cultos podem reunir-se, ... o roteiro infalível para a felicidade vindoura, o levantamento de uma ponta do véu que nos oculta a vida futura. ... As instruções que promanam dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vêm esclarecer os homens...”
Em “Obras Póstumas”, coletânea de textos do Sr. Allan Kardec e publicados após a sua desencarnação, há uma mensagem mediúnica que tece considerações acerca do livro antes mesmo que fosse de conhecimento público. A seguir uma parte da mensagem:
“Pergunta — Que pensais da nova obra em que trabalho neste momento?
Resposta — Esse livro de doutrina terá considerável influência, pois que explanas questões capitais, e não só o mundo religioso encontrará nele as máximas que lhe são necessárias, como também a vida prática das nações haurirá dele instruções excelentes. Fizeste bem enfrentando
as questões de alta moral prática, do ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses religiosos. A dúvida tem que ser destruída; a terra e suas populações civilizadas estão prontas; já de há muito os teus amigos de além-túmulo as arrotearam; lança, pois, a semente que te confiamos, porque é tempo de que a Terra gravite na ordem irradiante das esferas e que saia, afinal, da penumbra e dos nevoeiros intelectuais. Acaba a tua obra e conta com a proteção do teu guia, guia de todos nós, e com o auxílio devotado dos Espíritos que te são mais fiéis e em cujo número digna-te de me incluir sempre.”
Completados 159 anos em 15 de abril de 2023, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” segue esclarecendo as máximas morais de Jesus Cristo, que nos prometeu, registrado pelo evangelista, em João 14:26, “rogaria ao Pai que então enviaria o Consolador e este nos ensinaria, nos esclareceria todas as coisas, e nos faria lembrar de tudo quanto foi dito”.
A Doutrina Espírita é este Consolador prometido, é a terceira revelação divina, que tem na obra em foco os esclarecimentos à luz da Doutrina Espírita.
Não por acaso, esta obra traz no seu prefácio, que abaixo transcrevemos parcialmente:
“Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.
Homens, irmãos a quem amamos, aqui estamos junto de vós. Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do fundo do coração, fazendo as vontades do Pai, que está no Céu: Senhor! Senhor!... e podereis entrar no reino dos Céus”. (O Espírito de Verdade)
Assim, é necessário compreendermos que “a mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições”, como nos orienta Alcíone, na obra “Renúncia”, do Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier.
Nossa homenagem e gratidão pelos 159 anos da Obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que nos esclarece as mensagens de Jesus à luz da Doutrina Espírita.
Osglay Izídio da Silva, diretor do Departamento de Comunicação Social Espírita da Federação Espírita Pernambucana (DECOM/FEP)