"Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominações; já não há quem faça o bem". Salmo 14:1
Deus não existe para muita gente. Ele não existe para aqueles que são senhores de si mesmos, para aqueles que não conhecem limites nas suas ações, para aqueles que se julgam fortes e poderosos, para aqueles que são orgulhosos e se colocam acima dos demais seres humanos, para aqueles que fazem da corrupção o seu estilo de vida, para aqueles que promulgam leis que favorecem a impunidade e promove a impiedade, para aqueles que promovem o desacerto e a convulsão social, e, pasmem, também não existe para aqueles religiosos que falam de Deus, mas vivem como se ele não existisse.
Então, partindo dessa ótica, Deus não existe mesmo! Não existindo, eles sempre se dão bem, ficam impunes dos males que vierem a praticar. Não necessitam ter o temor de Deus nos seus corações e se alimentam da limitada esperança que essa vida terrena lhes concede. Por terem suas vidas restritas em termos de tempo e possibilidades, buscam incansavelmente aproveitá-la ao máximo. Tornam-se vorazes em todos os seus empreendimentos e, sem pudor ou recato, pisoteiam ferozmente o respeito e a consideração devidas ao próximo.
Sem Deus a vida humana se resume a um vazio sem sentido. Já dizia o sábio rei Salomão: "Vaidade de vaidades, diz o pregador; tudo é vaidade. Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?" (Eclesiastes 1:2, 3). Entenda-se vaidade de coisa vã, nula, inútil. E quando ele se refere a "debaixo do sol" são as coisas dessa vida efêmera e passageira. Se a nossa existência está confinada nesse 'aqui e agora', não faz sentido algum lutar tanto, produzir tanto, desfrutar ao máximo, se tudo é momentâneo, provisório onde o destino final é o cemitério. A sua esperança morre no túmulo.
Deus, no entanto, É O QUE É, o EU SOU ETERNO, nada o afeta a despeito do que pensamos sobre ele. Porém, afeta a nós diretamente. Ao admitir que Deus também existe nas nossas vidas as implicações dessa verdade são traduzidas em adoração à sua divindade, em respeito e amor ao próximo. Um novo modelo ético de relacionamento social se transforma radicalmente. Admitimos a nossa fragilidade, obtemos respostas exatas e ganhamos certezas absolutas. Não mais relativizamos a vida na pintura de uma "aquarela que um dia descolorirá".
A grande verdade é que Deus existe para mim e para todos aqueles que a ele se achegam com fé. Os valores desse mundo como riquezas, poder, fama e glória é que passam a não mais existir. O serviço, a dedicação, a competência, o desejo compulsivo de se fazer o bem sempre, de ver a prosperidade habitando em cada lar e a felicidade de desfrutar de uma vida tranquila, sem perseguições por algum mal feito praticado, não tem preço. A presença de Deus nos reconcilia conosco mesmos, harmoniza as relações pessoais com o nosso próximo e equilibra o nosso estado emocional.
"A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens" (João 1:3). Jesus Cristo é o Deus que existe em nós se desejarmos existir para ele. Santo Agostinho tem uma frase espetacular a esse respeito: "Eu poderia esconder-Te de mim, mas nunca esconder-me de Ti"! Não cometa o mesmo erro de muitos, o de esconder Deus de si mesmo. Por um período de sua vida, Agostinho escondeu Deus dele. Vivia a ignorá-lo, como se ele não existisse. Até que um dia decidiu firmemente existir para ele. Essa é a história de muitos de nós. Hoje é o dia de derrubar esse muro de separação, de deixar cair a máscara da justiça própria, desse empavonamento sem sentido e passar a existir para Ele. "Vinde a Mim... Eu vos aliviarei" (Mateus 11:28).
Rev. Miguel Cox é pastor evangélico
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