Crise financeira amplia pressão sobre famílias e fortalece demanda por educação financeira com foco no comportamento
Na avaliação de especialistas, o problema não se limita ao uso de planilhas ou ferramentas de controle
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O aumento do endividamento e o impacto do estresse financeiro sobre a saúde mental têm ampliado a procura por abordagens mais humanizadas de educação financeira. Esse cenário deve pautar um encontro no Recife, no dia 3 de dezembro, que discutirá finanças pessoais a partir da relação entre comportamento, organização e bem-estar.
O país chega ao fim de 2025 com um dos maiores índices de endividamento da série histórica da Peic/CNC: 79,5% das famílias declararam estar endividadas em outubro. A piora na inadimplência coincide com dados da Serasa, segundo os quais 84% dos brasileiros afirmam ter a saúde mental afetada por problemas financeiros.
Na avaliação de especialistas, o problema não se limita ao uso de planilhas ou ferramentas de controle. A contadora e consultora financeira Angelina Moura aponta que o comportamento tem peso central na forma como as pessoas administram o orçamento. “A crise financeira não é apenas matemática. É, sobretudo, comportamental”, afirma.
Segundo ela, esse entendimento explica o avanço dos serviços de acompanhamento financeiro individualizado. O modelo busca integrar organização, autoconsciência e hábitos, especialmente em casos em que a ansiedade ou a falta de estrutura emocional dificultam a execução do planejamento. Entre microempreendedores, o problema ganha um adicional: dados do Sebrae mostram que mais de 60% misturam gastos pessoais e empresariais, aumentando o risco de desequilíbrio financeiro.
A procura por orientação especializada cresceu ao longo do ano e deve se manter em 2026. Uma pesquisa do Google indica que 40% dos brasileiros pretendem contratar serviços de consultoria ou mentoria financeira nos próximos meses.
Esse contexto estará no centro do encontro *Raízes & Horizontes 2025*, que ocorrerá no Recife em 3 de dezembro, exclusivo para convidados. O evento discutirá caminhos de reorganização financeira e tendências de investimentos para 2026. A programação inclui o lançamento do novo braço de consultoria de Angelina Moura voltado à Pessoa Jurídica, direcionado a empreendedores que buscam separar contas pessoais e empresariais.
O consultor Arthur Lemos, CEO da Empreender Dinheiro, participará com uma palestra sobre projetos de investimento e perspectivas financeiras. Haverá também um painel com clientes que narrarão processos de reorganização financeira e mudanças de hábitos.
Para Angelina, as discussões refletem uma transição no debate sobre educação financeira, que passa a incluir fatores emocionais e comportamentais. “É sobre criar raízes sólidas nas decisões financeiras e, ao mesmo tempo, enxergar novos horizontes”, afirma.
Por que o tema ganha relevância
Com juros altos, inflação persistente e incertezas no cenário internacional, especialistas destacam três pilares para iniciar 2026 com maior estabilidade financeira:
- planejamento familiar reduz a probabilidade de endividamento;
- hábitos financeiros consistentes contribuem para a saúde mental e produtividade;
- educação financeira comportamental, combinada ao planejamento de investimentos, deve ganhar espaço nos próximos anos.
A iniciativa no Recife se insere nesse movimento de adaptação às novas demandas do público, que busca menos ferramentas técnicas e mais estratégias que considerem comportamento e tomada de decisão.