Preços dos produtos para a Páscoa ficam 34% mais caros no Recife e forçam mudanças no consumo
O preço elevado de muitos produtos tem como resultado mudanças na mesa para celebrar o ritual cristão do Domingo de Páscoa dos brasileiros

Pescados, vinho, azeites e chocolates são itens tradicionalmente indispensáveis para a Páscoa dos pernambucanos. Mas, apesar da tradição, tem muito consumidor revendo a quantidade dos produtos a serem comprados para celebrar a data ou até mesmo inovando na produção de pratos com ingredientes mais em conta. De acordo com o Procon-PE, pesquisa com os alimentos mais consumidos no período da Semana Santa, no Recife, identificou aumento no preço médio de 34% nos valores de alguns itens em relação a 2024. Além disso, foi observada uma variação de preços entre estabelecimentos que pode chegar a 237,11% nos estabelecimentos comercias da capital pernambucana.
Não é novidade que os brasileiros vêm sofrendo com o preço alto dos alimentos, que já representam mais de 40% da inflação ao longo deste ano. E no período da Semana Santa, a tendência é de agravamento dese quadro. Entre os itens que sofreram aumento em seu preço médio em relação ao ano de 2024, a garrafa de vinho branco seco (750ml), que em 2024 podia ser encontrada por R$ 15,78; agora, em 2025, foi encontrada por R$ 21,15, resultando num aumento de 34,07%.
Entre os crustáceos, o quilo do marisco que em 2024 custava em média R$ 28,98, este ano passou para R$ 35,18, gerando um aumento de 21,39%. Os peixes também estão entre os produtos que sofreram aumento: o quilo da cavala em posta, que em 2024 custava em média R$ 42,46, este ano foi encontrado por R$ 53,28.
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A pesquisa identificou ainda que alguns produtos sofreram uma variação percentual de mais de 200% de um lugar para o outro. Foi o caso da garrafa de vinho branco suave de 750ml, que foi encontrada por R$ 43,79 (maior preço) e R$ 12,99 (menor preço), gerando uma variação percentual de 237,11%.
Ainda nos produtos de mercearia, o azeite de oliva de 500ml também figurou entre os produtos que se destacaram pela alta variação. Em um estabelecimento, o azeite foi encontrado por R$ 90,90 em seu maior preço, e em outro local por R$ 35,49 em seu menor preço, configurando uma diferença percentual de 156,13%. A garrafa de leite de coco com 500ml variou entre R$ 7,68 e R$ 17,89, uma diferença percentual de 132,94%.
PEIXES MAIS CAROS
O quilo da corvina em posta apresentou uma variação de 187,92%, sendo encontrado em seu maior preço por R$ 45,78 e em seu menor preço por R$ 15,90. Não podendo ficar fora de qualquer lista de produtos para a Páscoa, o quilo do bacalhau do porto foi encontrado em seu maior preço por R$ 199,99 e em seu menor preço por R$ 73,99 - uma diferença percentual de 168,96%. Já o quilo do bacalhau saithe variou entre R$ 60 e R$ 36,90, causando uma diferença percentual de 62,60%.
Na seção dos crustáceos, o quilo da carne de siri foi encontrado por R$ 89 (maior preço) e R$ 49,90 (menor preço), diferença de 78,36%. Já o pacote com 400g do filé de camarão cinza médio, poderia ser comprado por R$ 66,49 ou R$ 34,39 no valor mais barato, uma diferença de 93,34%.
Os chocolates, embora não mensurados na mesma pesquisa, também seguiram a tendência de alta. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o produto deverá registrar aumento médio de 18,9%, o maior reajuste em 13 anos. A alta é atribuída à valorização do cacau no mercado internacional e à desvalorização do real frente ao dólar, que passou de R$ 5 para R$ 5,80 em um ano.
PREÇO ALTO ALTERA CONSUMO
O preço elevado de muitos produtos tem como resultado mudanças na mesa para celebrar o ritual cristão do Domingo de Páscoa. Uma pesquisa especial produzida pela Serasa, para avaliar impactos do momento econômico na data do coelhinho, indica que 38% dos consumidores estão mudando os hábitos de compra para o período. Por falta de dinheiro, estes brasileiros não pretendem fazer compras alusivas à data, desta vez.
As dificuldades não são exclusividade de 2025, pois 73% dos entrevistados disseram que já deixaram, em algum outro momento, de comprar itens de Páscoa justamente pela ausência de recursos financeiros. O estudo, realizado em parceria com o Instituto Opinion Box, explica que 26% dos consumidores tiveram de priorizar despesas essenciais, como aluguel, contas básicas e alimentação – e 11,8% relatam que o desemprego ou a falta de renda foi o impeditivo.
Entre os 38% que admitiram que não vão adquirir chocolates, ovos e outros produtos típicos da celebração neste ano, 14,4% apontam exclusivamente a “falta de condições financeiras”, mas 11,7% creditam ao que consideram “preços altos”. Outros 10,4% admitiram que têm “outras prioridades” de despesas no momento.