Máquina de lavar é item menos comum do que você imagina nos lares do Nordeste. Entenda os motivos
Isso significa que 66% da população da região lava as roupas em tanquinhos ou à mão. Enquanto no País, 66% dos lares possuem máquina de lavar

Somente 34% dos lares nordestinos têm uma máquina de lavar, o que significa que mais da metade da população da região ainda lava a roupa à mão ou no tanquinho. No Brasil, o percentual das residências que usam a máquina de lavar é de 66%. As pessoas do Nordeste apresentam uma renda média menor do que outras regiões - como o Sudeste - , mas isso não é o único fator que explica o uso em escala menor da máquina de lavar. A mesma pesquisa que apontou os números acima, revelou que 99% das residências nordestinas têm TV e geladeira.
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A pesquisa foi feita a pedido da multinacional Whirpool, dona da marca de eletrodomésticos Consul, Brastemp e Kitchen Aid. "Chamou a atenção, somente um terço dos lares ter máquina de lavar na região. Percebemos também que no Nordeste lavar roupa vai além da higienização e também tem a ver com o cuidado que as chefes das famílias tem com os seus", conta a diretora de marketing da Whirpool, Allyne Magnoli.
A pesquisa encomendada pela empresa revelou que no Nordeste há um potencial de 10 milhões de lares que podem comprar máquina de lavar. É quase a metade do potencial do País, que totaliza 19 milhões de residências. "Não queremos substituir as figuras icônicas das lavadeiras, mas mostrar que uma parte do serviço mais pesado pode ser feito por uma Consul", resume Allyne. As lavadeiras além de lavar também passam a roupa.
Economista e professor da pós-graduação da Unit, Werson Kaval, ao interpretar os dados da pesquisa explica que o nordestino "é antes de tudo um forte". E acrescenta: "a renda menor na região faz grande parte das pessoas optarem por um entretenimento, oferecido pela TV, e enfrentar o trabalho duro que é lavar roupa. Ou seja, as pessoas pegam no pesado, mas estão assistindo a sua TV de 40 polegadas".
Já com relação às lavadeiras, ele diz que a profissão ainda existe por causa de todo um contexto sócio-econômico da região, que inclui o analfabetismo, menor índice de escolarização etc. "Essas pessoas vendem o seu esforço físico", comenta. Como a lavadeira é uma atividade muito informal, é difícil encontrar números. Há um sentimento que existem menos lavadeiras na região. "Isso mostra que estamos precarizando menos a mão-de-obra", acrescenta.
CAMPANHA
Para se aproximar do público nordestino, a Consul está lançando uma campanha exclusiva para o Nordeste, com sotaques de 5 Estados da região. A companhia também está divulgando algumas informações como, por exemplo, o consumo de água e de energia de uma lavadora. Um tanquinho geralmente gasta 30 litros de água a mais do que uma máquina de lavar. E numa simulação feita pela multinacional, o gasto a mais na conta de energia chega a ser de R$ 0,16 por lavagem para uma máquina eficiente no uso de energia e com a capacidade de 9 quilos numa conta de luz de um pernambucano.
PANDEMIA
A grave crise sanitária provocada pelo novo coronavírus não impactou a indústria de eletrodomésticos que cresceu 15,6% entre janeiro de 2020 e o mesmo mês de 2021. Companhia de origem americana, a Whirlpool contabilizou no Brasil uma receita de R$ 7,74 bilhões no ano passado, o que representou uma alta de 17,1% sobre 2019.
"Com a pandemia, vários consumidores deram um up nos eletrodomésticos de linha branca e isso ocorreu no Brasil inteiro, inclusive no Nordeste. O cidadão percebeu que precisava de uma geladeira maior ou de uma máquina de lavar", comenta Allyne. E complementa: " a casa deixou de ser um lugar somente para dormir, passou a ser o local de trabalhar, fazer exercícios, assistir aula, entre outras coisas. Por isso, muita gente deu uma robustecida nos eletrodomésticos", conclui. Entre os eletrodomésticos, os mais vendidos, no ano passado, foram as smarts TVs, o forno de micro-ondas e lavadoras, segundo informações dos fabricantes.