Indústria

Fábrica da Unilever em Escada ficou só no anúncio. Empresa desistiu do projeto em Pernambuco

Indústria ia receber investimento de R$ 600 milhões e gerar 2.100 empregos diretos e indiretos no Estado. Fatores de mercado e econômicos contribuíram para a empesa mudar de planos

Adriana Guarda
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Publicado em 01/09/2020 às 21:13 | Atualizado em 02/09/2020 às 13:31
Edmar Melo/JC Imagem
Paulo Câmara e o então presidente da Unilever, Fernando Fernandez, anunciando a fábrica de R$ 600 milhões em Escada, durante evento no Palácio - FOTO: Edmar Melo/JC Imagem

Era uma quarta-feira de outubro de 2015, quando o governador Paulo Câmara recebeu o executivo argentino Fernando Fernandez no Palácio do Campo das Princesas, no Recife. O encontro era para anunciar a implantação da quinta fábrica da Unilever em Pernambuco. Em pleno ano de recessão, captar um empreendimento de R$ 600 milhões e com projeção de gerar 2,1 mil empregos era quase um milagre. Ocupando a presidência da Unilever Brasil na época, Fernandez disse que queria transformar o Estado num hub da companhia para atender as regiões Norte e Nordeste. A indústria seria instalada no município de Escada (Mata Sul), mas o mercado virou e a unidade ficou só no anúncio, no protocolo de intenção assinado e esquecido dentro de uma gaveta.

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A previsão da Unilever era inaugurar a fábrica no início de 2018 e reforçar a produção nacional de produtos alimentícios da companhia, com marcas como Kibon, Hellmann’s, Knorr, Becel, Maizena e AdeS. “Estamos preparando a unidade para acompanhar o crescimento da companhia numa perspectiva de longo prazo. A central de distribuição vai ocupar uma área de 150 mil metros quadrados para atender aos mercado do Norte e Nordeste. Esta será o segundo maior CD do grupo na América Latina, atrás apenas de São Paulo”, disse Fernandez, durante a cerimônia. 

Mas a multinacional acabou mudando de planos. A recessão de 2015 e 2016 fez com que o desemprego e a queda no consumo fossem maiores no Nordeste. "Eles tinham um planejamento, mas acabaram perdendo mercado para a concorrência e decidiram reestruturar a operação, concentrando tudo em São Paulo. A unidade de Escada eles teriam que fazer um investimento do zero e em São Paulo eles já tinham espaço para fazer uma ampliação. Diante do cenário de recessão, de concorrência e da possibilidade de redução de custos, desistiram do projeto", explica o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Bruno Schwambach. Ele afirma que a empresa conversou com o governo e que as outras fábricas continuarão operando normalmente, inclusive com perspectiva de ampliação de linhas de produção. 

ESCADA 

Para o município de Escada, a desistência da Unilever foi uma decepção. A cidade já vinha sofrendo com a debandada das empresas que tinham recebido doação de terrenos para se instalar no Distrito Industrial a reboque da Refinaria Abreu e Lima e do Polo Naval. "Não houve mais nenhuma ação do governo do estado após o anúncio. O projeto não iniciou. Gerou-se uma expectativa para a população que espera ansiosa a instalação, que acabou não ocorrendo. Procuramos pelo governo do estado e ficamos sabendo que a desistência partiu da empresa", diz a secretária de Desenvolvimento Econômico de Escada, Rafaela Rocha, destacando que a Unilever não chegou a fazer nenhum contato com a prefeitura. 

O JC procurou a Unilever, mas a empresa não respondeu os questionamentos sobre a fábrica em Escada, comentou apenas a transferência da unidade de sorvetes de Jaboatão dos Guararapes para Valinhos, em São Paulo. 

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