
Todos os 392 funcionários que ainda trabalhavam na rede varejista Ricardo Eletro, em Pernambuco, foram demitidos e as cerca de 35 lojas localizadas em 25 cidades do Estado foram fechadas. A informação é do vice-presidente de operações da empresa, Ricardo Silva. Ontem (10), o pedido de recuperação judicial da Máquina de Vendas, controladora da rede Ricardo Eletro, foi aceito pelo juiz Tiago Limongi, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo (SP). Com isso, a Ricardo Eletro fechou suas 300 unidades físicas em 17 Estados e demitiu cerca de 3.600 trabalhadores no País.
Com uma dívida estimada em R$ 4 bilhões, o foco da rede varejista será, a partir de agora, o comércio eletrônico. A Ricardo Eletro justificou sua aposta nas vendas pela internet ressaltando que houve um crescimento nos acessos ao site da empresa durante a pandemia: passou de 50 mil visitas no mês de março para 350 mil visitas diárias em agosto. A ideia da Máquina de Vendas que, além da Ricardo Eletro, é dona das marcas Insinuante, Salfer, City Lar e EletroShopping, é formar uma rede de vendedores parceiros, em que pessoas físicas, empresas ou lojas poderão comercializar os produtos anunciados no site, aproveitando a marca, a malha logística, as ações de marketing e toda estrutura digital da Ricardo Eletro. Atualmente, são mais de 160 mil itens disponíveis nos canais digitais, informou a Máquina de Vendas.
"Todos os 392 colaboradores que tínhamos em Pernambuco foram convidados a participar dessa plataforma de vendas, a Ricardo Digital", explicou o vice-presidente de operações. Basicamente, os vendedores utilizam o cadastro dos clientes que já havia nas lojas para divulgar as promoções e produtos do site, recebendo uma comissão variável por cada venda concretizada, explicou Ricardo Silva. "Desses 392 ex-colaboradores, nós já temos cadastrados e operando 126, o que é uma aceitação muito boa. Dependendo do desempenho do vendedor, é possível ganhar até o dobro da remuneração que ele ganhava na loja física", diz o executivo.
O Sindicato dos Empregados no Comércio do Recife se posicionou contrariamente à ideia de transformar os antigos funcionários das lojas em revendedores independentes, como pretende a rede. Através da sua assessoria de imprensa, o sindicato pontuou que este tipo de atividade é uma forma de trabalho precário e que não atende aos direitos trabalhistas estipulados pela legislação.
A Ricardo Eletro informou através de nota à imprensa que, assim como grande parte do varejo, teve de administrar os impactos provocados pela pandemia. "Desde janeiro deste ano, a companhia passou a enfrentar dificuldades no recebimento de produtos chineses destinados à renovação de estoques, devido à paralisação de fornecedores. Em seguida, houve um estrangulamento de caixa provocado pelas necessárias medidas de distanciamento social também no Brasil. Esses fatos comprometeram os esforços de reestruturação que a Máquina de Vendas vinha empreendendo", diz a nota.
A empresa mencionou ainda que a recuperação judicial foi o caminho mais viável para que se "promova a reorganização administrativa e financeira necessária para superar a situação momentânea de crise". A companhia estava em recuperação extra judicial desde 2019.
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