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Deepfake: tática permite manipulação de voz e imagem para espalhar desinformação

Eleições de 2022 foram alvos de deepfake e há possibilidade da tática se intensificar ainda mais

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Adelmo Lucena

Publicado em 28/09/2022 às 15:42 | Atualizado em 28/09/2022 às 15:47
Notícia

A desinformação sobre as eleições de 2022 ganhou uma nova arma, as chamadas deepfakes. Este termo se trata da utilização da inteligência artificial (IA) para adulterar os movimentos dos rostos das pessoas em vídeos, bem como áudios e imagens.

As deepfakes são utilizadas para diversas finalidades, sejam elas humorísticas, pornográficas ou políticas. No entanto, o objetivo é sempre descaracterizar as falas e imagens originais de uma pessoa.

Em entrevista ao Comprova, o professor do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Anderson de Rezende Rocha, explicou que deepfake era o nome de um usuário que “postou o primeiro software baseado em técnicas de machine learning (aprendizado de máquina) que conseguia sintetizar uma face de um indivíduo no lugar de outra pessoa”.

Hoje, as deepfakes possuem o intuito de enganar o destinatário através da IA, que analisa os movimentos faciais da pessoa e faz as alterações necessárias sob ordem do editor.

Para que a edição possua um bom resultado, é necessário que haja uma quantidade considerável de conteúdo sobre o alvo da manipulação.

Isso porque a inteligência artificial aprende com o que é fornecido para ela e aprimora o resultado através de padrões, como movimentos, expressões, vozes e outras características do indivíduo.

TV Globo/Reprodução
Há um vasto material envolvendo William Bonner, facilitando a produção de deepfakews - TV Globo/Reprodução

Em agosto deste ano, o âncora do Jornal Nacional, William Bonner, foi alvo de deepfake. O vídeo adulterado foi compartilhado no TikTok e mostra o jornalista chamando o candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin, de “bandidos”.

Outro exemplo de deepfake foi o uso da IA para remover roupas de mais de 100 mil mulheres e compartilhar as imagens como se fossem verdadeiras através do Telegram. A denúncia foi apresentada em uma reportagem da BBC.

Deepfake e as eleições de 2022

As deepfakes também atingem as eleições de 2022, e um exemplo disto foi o vídeo manipulado que mostrava o presidente Jair Bolsonaro (PL) à frente das pesquisas de intenção de voto. O vídeo manipulou um trecho do Jornal Nacional do dia 20 de setembro.

(Reprodução/TV Globo)
Lula (PT) e Bolsonaro (PL) são os principais candidatos na disputa presidencial nas eleições 2022 - (Reprodução/TV Globo)

Os âncoras do telejornal, William Bonner e Renata Vasconcelos, informaram ao público que o vídeo compartilhado havia sido manipulado. Na verdade, quem estava à frente da pesquisa citada no Jornal Nacional era o ex-presidente Lula.

O Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal de Contas Eleitoral (TCE) e o Google têm enfrentado a proliferação de fake news através da remoção destes conteúdos.

Saiba como identificar uma deepfake

Fique atento aos movimentos labiais

Uma maneira de identificar um vídeo manipulado é através dos movimentos da boca. Isso porque, na maioria das vezes, as falas são editadas e a movimentação dos lábios pode ficar atrasada ou destoante com o que é dito pela pessoa presente na gravação.

Observe as emoções

Algumas deepfakes mostram pessoas robóticas durante o vídeo, fazendo com que as falas não estejam alinhadas com as emoções e expressões faciais.

Por isso é importante estar atento às emoções de quem aparece na gravação e se elas estão coerentes com o que é dito.

Foque nos movimentos do corpo

As deepfakes se concentram mais no rosto do alvo do que no resto do corpo. Por este motivo, alguns movimentos podem ficar desalinhados com as falas. Este é um forte indício de que o vídeo se trata de uma deepfake.

Busque por diferenças nos tons de pele

Outra tática para identificar uma deepfake consiste em prestar atenção nas diferenças das tonalidades da pele. O pescoço pode ter uma tonalidade muito distinta da presente no rosto, por exemplo.

Recorra à busca reversa

Uma ação que pode ajudar a desvendar um deepfake é a busca reversa. É possível pesquisar por frames do vídeo através do Google Images, Bing e dos sites TinEye e Yandex. Estas ferramentas identificam onde o vídeo foi postado antes de sofrer as alterações.

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