A inesquecível Rebecca

STREAMING Nova versão de um romance antes filmado por Hitchcock está na Netflix

LUIZ ZANIN ORICCHIO
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LUIZ ZANIN ORICCHIO
Publicado em 23/11/2020 às 2:00
KERRY BROWN/NETFLIX
PROTAGONISTA Lily James interpreta a personagem-título no reboot - FOTO: KERRY BROWN/NETFLIX
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Nova adaptação do romance Rebecca (1938), de Daphne du Maurier, está na Netflix. Conta a mesma história filmada por Hitchcock em 1940. Mas, em cores, não alcança a magia gótica conseguida pelo mestre em sua primeira produção nos Estados Unidos, sob a batuta implacável de David O. Selznick.

Na trama, a mocinha pobre, acompanhante de uma ricaça, conhece um milionário mais velho. E, em aparência, irremediavelmente triste. Estão em Montecarlo, no ambiente grã-fino da época. A Netflix teve o bom senso de não trazer a história para os dias atuais. Manteve-o como filme de época.

Para quem não conhece a trama, lá vai um pitaco do seu início. O homem e a mocinha casam-se e, depois da lua de mel, vão para a propriedade dele, uma espécie de castelo inglês chamado Manderley. O homem era viúvo e o local é "assombrado" pela presença de Rebecca, sua primeira mulher, que morreu jovem.

Não se trata de uma história de fantasmas convencional. Rebecca manifesta-se pelos objetos que tocou. Mas, sobretudo, pela lembrança deixada nas pessoas. Linda de morrer, simpática, inteligente, cativante, etc., Rebecca tinha todas as qualidades. Tinha os três Bs, segundo uma personagem: "breed, brain, beauty" — linhagem, cérebro, beleza. Daí merecer o subtítulo de "mulher inesquecível" da versão brasileira da obra.

O romance é todo narrado em primeira pessoa pela protagonista. Ela entende bem sua desvantagem no confronto com uma mulher brilhante e que, ainda por cima, morreu jovem. Rebecca não envelhecerá jamais, não será confrontada pelo passar do tempo e por experiências dolorosas trazidas pela vida. Terá, para sempre, a aura da perfeição. A morte a protege de qualquer desgaste.

Acontece, no entanto, uma reviravolta radical na trama (sobre a qual não falaremos, claro) e que dá novo sentido à história.

O reboot de Rebecca é caprichado, porém rotineiro. Dirigido por Ben Wheatley, com Lily James como a mocinha, é uma adaptação correta, fiel ao livro, mas sem brilho. Vale a pena ver, nem que seja para compará-la com a anterior.

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