Acervo do maestro Geraldo Menucci será doado para a Fundação Joaquim Nabuco
Família do regente atendeu a seu último pedido, reunindo arquivos como gravações, partituras e fotos

Os acervos musical e pessoal do regente e violinista Geraldo Menucci serão doados à Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), após decisão tomada pelos quatro filhos do maestro, Andrea, Daniel, Alexandre e Catarina. Menucci faleceu aos 92 anos, no último dia 19 de junho, vítima da covid-19.
A doação acontece como forma de atender ao seu último desejo. “Ele sempre demonstrou que gostaria que esse acervo pudesse ficar em algum lugar onde se respeitasse a cultura e pudesse estar aberto para pesquisas públicas”, compartilha Catarina Menucci. Ela destaca que os documentos reunidos estavam antes distribuídos nas quatro estantes do apartamento em que morava Geraldo Menucci. São fotos e matérias de jornais, além de projetos, gravações, discos e partituras.
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Presidente da Fundaj, Antônio Campos diz que a instituição vai funcionar como um agente disseminador da atuação do maestro. "Ter em nosso acervo o material construído ao longo da vida do maestro Geraldo Menucci é algo que nos deixa bastante honrados. Ao longo de sua vida, ele deixou um legado consistente para a história da música pernambucana e nacional, portanto, é muito importante ter alguém para contar essa história à sociedade e a Fundaj vai exercer esse papel de cuidar e disseminar tudo que o maestro construiu".
VIDA E OBRA NO RECIFE
Geraldo Menucci nasceu no Rio de Janeiro, mas passou a maior parte de sua vida na capital pernambucana. Iniciou os estudos de violino aos 14 anos, seguindo depois para graduação em Regência e Composição na Escola Nacional de Música da Universidade da Bahia.
Ao vir para o Recife, em 1951, foi admitido como maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Recife. Um dos seus maiores legados é a Banda Municipal de Recife, da qual foi um dos organizadores e regente, em 1958.
Dedicou a vida a fortalecer a cultura erudita, sendo o responsável pela criação do Coral Bach do Recife, primeiro coral brasileiro a fazer 11 apresentações pela Europa, como o concerto no VI Festival da Juventude pela Paz e Amizade, em Moscou. Também participou da criação do Coral Hashomer Alzair da juventude israelita de Pernambuco.
Para homenagear os rios e paisagens naturais do Recife, cidade pela qual tinha verdadeira paixão, organizou uma Serenata Fluvial inédita, com 250 pessoas tocando e carregando luminárias em barcos ao longo do Rio Capibaribe.
Chegou a morar algum tempo no Sul do País, durante o golpe militar de 1964. Em 1980, após a Lei da Anistia, retornou ao Recife e reassumiu a função de regente da Orquestra Sinfônica do Recife. Fundou o Centro de Criatividade Musical de Recife, para a Secretaria da Educação do Estado. Foi diretor geral e orientador pedagógico por 27 anos da Fundação Centro de Criatividade Musical de Olinda, que tinha como público-alvo os jovens de baixa renda.
Leia aqui o artigo escrito por José Paulo Cavalcanti Filho sobre Geraldo Menucci.