Racismo

Penny Lane,a famosa rua de Liverpool, em polêmica sobre racismo

Rua que inspirou os Beatles teria sido batizada em homenagem a um escravagista

José Teles
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José Teles
Publicado em 16/06/2020 às 17:43 | Atualizado em 16/06/2020 às 20:44
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Penny Lane, placa vandalizada - FOTO: Divulgação

Penny Lane, uma das ruas mais visitadas do mundo, imortalizada na canção dos Beatles, a que deu título, está ameaçada de mudar de nome. Descobriu-se que pode ter sido batizada em homenagem a James Penny (falecido em 1779), comerciante de escravos, e escravagista convicto. Desde a semana que passou, as placas da rua vêm sendo vandalizadas, o nome “Penny” encoberto com spray de cor preta. Como as autoridades de Liverpool, por mais que sejam pressionadas, não têm poder para mudar o nome da canção dos Beatles, Penny Lane continuará sendo escutada e cantada mundo afora, já que, pelo visto, não será esquecida, ao contrário do tal James Penny, de quem ninguém, até 15 dias atrás, tinha a menor ideia de quem era ou o que fazia.
Se esta caçada continuar, que ao menos se contextualize a época em que determinadas figuras históricas não corresponderam aos atuais padrões morais e éticos. Senão não escapa ninguém, até porque todas as civilizações, até o século 19, praticaram a escravidão, e não apenas de negros. Os branquíssimos e louríssimos eslavos do leste Europeu já foram considerados raça inferior e escravizados pelos Romanos. A palavra eslavo, por sinal, deu em escravo, em português, e em slave, em inglês.
Daqui a pouco o poeta baiano Antonio de Castro Alves (1824/1871) terá suas estátuas decapitadas e bustos derrubados, a cidade Castro Alves (BA) terá que procurar um novo nome, e os livros do “Poeta dos Escravos”, deixarão de ser publicados. Castro Alves, como todo rapaz fidalgo de sua época, mantinha um escravo de sua propriedade. No Jornal do Recife, edição de 21 de março de 1865, relaciona-se todos os passageiros que desembarcaram no Recife, vindos no vapor Oyapock. Entre eles, “Antonio de Castro Alves e 1 escravo”. Na época o poeta morava no Recife, onde estudou Direito.

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